quarta-feira, 27 de abril de 2016

O Photógrapho



Entrei e comecei por dizer:
“Boas tardes! Eu oiço bem, pelo que não necessito dos vossos serviços. Apenas entrei para obter uma informação.”
Sorriram as duas e ficaram a olhar para mim com mais atenção ainda que a que me tinham dedicado momentos antes, quando eu ficara na berma do passeio a tirar as medidas com o olhar à montra e às montras vizinhas, fazendo cálculos históricos.
E continuei:
“Aqui, nesta mesma loja, não funcionava dantes um fotógrafo?”
Sorriram ainda mais e disseram que sim, mas que agora ele estava duas ruas mais acima, em dobrando a esquina.
Fui-me em busca dele, não sem antes fazer o registo da fachada da loja do fotógrafo que me fez a primeira fotografia para documento de identificação.
No caso, o bilhete de identidade, imprescindível para o exame da 4ª classe. E repare-se que, à época, fazer esse exame, de calções e gravata, mostrando o bilhete que nos insere no mundo dos adultos e receber, no final, o primeiro relógio de pulso… É-se alguém, nesse dia!

Encontrei a loja onde me disseram. Outros donos, que o original já morreu e os herdeiros trespassaram o negócio.
Os arquivos bem antigos? Não! Aquando da mudança foi tudo fora porque sem préstimo.

Fiz eu uma fotografia de passe (a bem dizer quatro mais postal, por seis euros), que irei inserir num projecto fotográfico cá dos meus.

By me 

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