sexta-feira, 22 de abril de 2016

Algemas



Há um montão de gente a argumentar a favor ou contra a proposta apresentada no parlamento para a mudança de nome daquele documento que nos identifica como portugueses.
O cerne da questão seria o género: ao ser “cidadão” menorizava as mulheres portuguesas. (ou algo parecido)

No entanto não vejo campanhas sérias, legislativas mesmo, sobre a publicidade, que continua a fazer uma ligação directa entre máquinas de lavar roupa ou loiça e mulheres; entre detergentes e outros produtos de limpeza doméstica a mulheres; condução automóvel a homens; produtos desportivos a homens; apostas desportivas a homens.
E as mulheres continuam a surgir nas publicidades como verdadeiras candidatas a Miss Anoréxica.
Faz-se publicidade a roupa interior feminina mas não a masculina; os filhos inter-agem com os pais no desporto, nas tecnologias de informação, nos passeios e lazeres; com as mães inter-agem sobre a escola, sobre disciplina, sobre trabalhos domésticos.
É toda uma indústria publicitária a formatar as mentalidades sobre o que são actividades masculinas e actividades femininas.
E, no entanto, não vejo ou oiço partidos políticos ou grupos cívicos a fazerem campanha contra isto.

Portanto, se querem mesmo agir no que à igualdade de género (direitos, oportunidades e deveres) diz respeito, comecem por aquilo que está à vista de todos e não aquilo que temos na carteira e que quase nem sabemos para que serve.


Na imagem: fotografia feita há vinte anos, por um grupo de três alunas adolescentes, em torno da ideia “capa para livro policial”.

By me

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