quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sobre uma câmara



Não faltará, estou certo, quem venha a terreiro afiançar sobre o uso deste ou daquele filtro, uns ajustes de curvas, talvez que gammas e exposição, saturações e calibrações… muitos, talvez, se fiquem pela clássica referência ao photoshop, sem mais detalhes.
No entanto, e em falando em detalhes… Se repararem bem, em cima no céu bem escuro encontrarão duas manchas circulares bem definidoras de duas coisas: o suporte foi película e o laboratório fez um trabalho da treta.
Efectivamente esta fotografia foi feita há poucos meses, ainda que só agora tenha chegado às minhas mãos, e usada para a fazer uma velhérrima Olympos IS-1000. Uma compacta com aspecto de reflex, que ainda hoje tira aos mais incautos um “Ui, que canhão”, com uma simples 35-135mmm 1:4,5-5,6. Tudo automático, como se espera de uma compacta, ainda que de grande tamanho, com tudo manual, como eu gosto.

A história desta câmara acaba por ter graça, para quem achar graça a este tipo de histórias.
Nos idos de 1992 fui escalado para ir passar um mês a trabalhar nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Sabendo que dificilmente teria segunda oportunidade para estar num evento destes, tratei de começar a separar o material a levar.
Quando dei por mim tinha a cama coberta de tralha, desde dois corpos (p&b cor), objectivas fixas e zooms, dois flashs, filtros, slaves, tripés, grampos, reflectores… Tralha que muito provavelmente não iria usar, já que o meu trabalho não me iria permitir andar a fazer fotografias a torto e a direito.
A opção foi então o comprar uma câmara que cobrisse a maioria das necessidades – uma topa a tudo. Um tipo de câmara que não me convence mas que era o possível nas circunstâncias.
A escolha recaiu sobre esta Olympus, recente no mercado e bem competente de acordo com as revistas.
Interessante é que, tendo comprado a câmara de manhã, antes de ir trabalhar, acertei a sua venda ao final da tarde, antes de abandonar o trabalho.
Um colega ficou entusiasmado com a facilidade e potencialidade da câmara e disse que queria uma também. Mas sendo que, para mim, era uma câmara para uma ocasião específica, acabámos por acordar ele comprar-ma em regressando eu de Barcelona, uns três meses mais tarde. Um excelente negócio para os dois.
Este exemplar que agora possuo foi comprado na feira da ladra há uns meses, a preço da chuva e em estado impecável. O primeiro rolo saiu agora da loja, um segundo vai sendo exposto.
E nada como um negativo cor processado num laboratório comercial em série para tirar teimas sobre o saber ou não expor para o efeito que se quer.
Tal como para saber da qualidade dos técnicos que lá trabalham. Estas manchas de secagem, inadmissíveis seja qual for a argumentação, servirão para que o gerente da loja amanhã me oiça. Como não irá gostar de ouvir.

Sobre qual é o laboratório falarei depois, após a conversa com o gerente.

By me 

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