Tropeço num
arquivo fotográfico meu, com uns dez anos. Nele, um conjunto de imagens de uma
comemoração do 25 de Abril. O tipo de fotografias que vejo é a que costumo
fazer nestas circunstâncias, tanto na escolha de enquadramentos como nos
momentos decisivos.
E, de entre as opções,
os jovens que festejam.
É bom ver jovens a
festejar a revolução.
A minha dúvida,
sincera, é se eles saberão exactamente o que estão a festejar, com todo o vigor
e alegria própria dos jovens que festejam.
Tenho a vaga
suspeita que a maioria deles que assim festeja tem apenas uma vaga ideia do que
festeja e que o principal motivo para que festeje seja o poder festejar.
Não creio que
tenham a noção disso, mas esse é o verdadeiro motivo para que se festeje a
revolução: o podermos festejar o que queremos, o podermos dizer e exprimir o
que sentimos.
O resto, as
condições sócio-económicas em que vivemos, são fruto daquilo que festejamos em
Abril: a possibilidade de podermos escolher.
Agora se temos
escolhido bem ou mal – pessoas ou opções programáticas – isso já é da nossa
responsabilidade.
Mas olhando de
novo para esse arquivo que ainda nem tem dez anos, pergunto se esses jovens de
então, agora talvez casados e com filhos, estarão este ano na rua a festejar.
Ou se já nem isso,
dando por garantido aquilo que nunca foi e que facilmente desaparecerá se dela
não cuidarmos: a Liberdade.
A Liberdade de
festejarmos, a Liberdade de escolhermos, a Liberdade de sermos, a Liberdade de
pensarmos.
By me
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