Se eu não
estivesse a trabalhar, amanhã estaria na avenida, a celebrar e a fotografar as
celebrações de Abril.
O tempo parece
estar de feição, luz e temperatura, e eu deixar-me-ia levar pelo entusiasmo,
reflectindo isso mesmo nas fotografias com que regressasse a casa.
Mas também
regressaria com a frustração a que já me vou habituando:
Sabemos celebrar,
com festas, faixas, cores e flores, mas nada mais!
O quotidiano
continua a evoluir ao ritmo do que as classes dirigentes querem, não tanto o
que o povo quer. E a Revolução foi do Povo. Também.
Mas também é do
Povo a atitude de relaxe, de só fazer algo por si e pelos seus em ultimo
recurso, esperando sempre que algo ou alguém resolva os seus próprios
problemas.
As celebrações de
Abril, hoje, mais que actos políticos, são actos de fé.
Acredita-se numa
revolução que foi, tal como se acredita num paraíso que será.
Não vejo, não sei,
não conheço gente suficiente que faça por manter a revolução em marcha, para
defender todos os dias o conquistado e ir mais além, para garantir que Abril de
’74 não se limita hoje a um desfile e fim de semana prolongado.
Quando uma
revolução já mais não é que um feriado e um desfile, fotografá-la é quase o
mesmo que fotografar 13 de Maio em Fátima.
By me
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