Tem sido notícia
nos últimos dias e sê-lo-á certamente amanhã: a luta dos taxistas contra a
empresa Uber.
De acordo com o
que está previsto, a cidade de Lisboa ficará razoavelmente paralisada amanhã,
devido a uma marcha lenta que se prevê vir a ter mais de 4000 taxis.
A questão que é
posta é a eventual não legalidade do serviço, os preços praticados, os impostos
pagos ou não…
Sobre isso,
gostaria de aqui deixar três ou quatro pontos para que sejam considerados pelos
cidadãos em geral:
1 – Sabia que pelo
mesmo serviço de transporte de táxi pode ter que pagar quantias diferentes? Legalmente!
A coisa funciona
da seguinte forma: existem táxis, em tudo semelhantes a qualquer um tanto na
cor como no aparente tamanho, que podem transportar seis passageiros no lugar
dos habituais quatro. Por terem essa capacidade acrescida o serviço é 20% mais
caro. Não importando a quantidade de pessoas transportadas. É mais caro em
qualquer circunstância, que o taxímetro está assim calibrado.
Estes carros têm
dois avisos nos vidros: um no da frente, outro atrás, junto à porta. Mas a distância
a que se encontra este último, por vezes em vidros fumados, impede que seja
lido. E quem olha para o que está afixado junto ao dístico do seguro e da
inspecção obrigatória?
Qualquer um entra
num destes táxis numa praça, ou mandando-o para numa rua, sem se aperceber que
irá pagar mais caro só porque tem mais dois lugares. Mesmo que esteja sozinho.
2 – Nos concelhos limítrofes
a Lisboa existem táxis descaracterizados. Quer isto dizer que não têm cor padrão,
sendo em geral pretos, não possuem a lanterna de táxi no tejadilho e que o próprio
taxímetro está escamoteado no porta-luvas. A única indicação, obrigatória, é um
pequeno dístico azul junto à matrícula, contendo a letra “T”.
Até aqui nada de
especial.
O que torna a
coisa menos transparente é que estes carros cobram sempre o preço nocturno (ou
de feriado ou fim de semana) mesmo que seja de dia e em dia útil. Sem nenhum
aviso ou sinalética especial.
Para piorar as
coisas, estes táxis param nas praças de táxis tal como qualquer outro e alguém
menos atento embarca num pensando que se trata de um táxi normal. Com preços
normais.
3 – Para evitar os
clássicos abusos por parte de alguns taxistas pouco honestos, o turismo de
Lisboa criou o “Táxi voucher”.
Este sistema
permite que o passageiro, à chegada ao aeroporto, compre a viagem
antecipadamente. Com o papel na mão, será só embarcar num táxi que possua o dístico
de aderente ao serviço e, no final, entregar o voucher. Tudo simples e claro.
Acontece, porém,
que os preços são calculados por coroas circulares, centradas no ponto de
embarque. Ou seja, o preço é igual para um ponto próximo e para um ponto
distante, desde que dentro dessa coroa. Sendo certo que não acredito que se
perca dinheiro ao cobrar para o ponto distante, será particularmente caro se o
destino for num ponto próximo.
A título de
exemplo, posso afirmar que do aeroporto a minha casa um taxímetro marcará
qualquer coisa como 25 euros. Com o Táxi Voucher custará, de acordo com a
tabela, 53.40 euros.
A estes três
pontos, todos referentes a questões absolutamente legais e tabeladas,
acrescenta-se, por exemplo, a pressão que tem sido feita para criar uma taxa de
aeroporto. Por outras palavras, quem chegar a Lisboa e quiser usar um dos táxis
ali parados pagará uma taxa adicional.
A argumentação por
parte dos industriais de táxi é que isto já sucede nas demais capitais
europeias.
Aquilo que eles não
contam é que nessas capitais o aeroporto é fora da cidade, a alguns quilómetros,
enquanto que por cá está dentro do perímetro urbano, servido por metro e
autocarros, os mesmos que levam as crianças à escola ou alguém a um centro de
saúde ou biblioteca.
Quando os taxistas
quiserem entrar em guerras por causa de eventuais serviços de concorrência desleal,
faria sentido que olhassem primeiro para o próprio umbigo e constatassem as
imoralidades que, legalmente, cometem.
By me
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