O trabalho que
tive em explicar a um profissional da imagem que a comunicação visual não tem
que ser clara, explícita, inequívoca!
Esse é um dogma
que se transmite em quase todas as escolas, manuais e workshops.
Mas não é verdade!
Pelo menos não é uma verdade absoluta, universal.
Se falamos de
consumo rápido de imagens – fotográficas, videográficas, cinematográficas –
esse dogma aplica-se. Simplicidade na forma para facilitar o acesso ao
conteúdo.
Mas posso querer
eu, enquanto fotógrafo, não ser assim tão explícito. Querer obrigar quem vê o
que faço a não entender de imediato, a parar para perceber, a questionar e
questionar-se naquilo para onde olha e a, mais que olhar, ver.
O desconcerto na
leitura, a dúvida, a procura de significado… também isto é comunicação, visual
no caso da fotografia.
Dir-me-ão, talvez,
que esta forma de comunicação reduz a muito poucos os que a lêem, na medida em
que a dificuldade de acesso ou de interpretação, nos tempos que correm e com a
rapidez de consumo de conteúdos, afasta os mais apressados ou menos curiosos.
Mas talvez nem
sempre eu queira comunicar com esses, pouco me importando se entendem ou não.
Ou melhor: ficando satisfeito se o entendem mas nada preocupado com o seu
oposto.
Fazer diferente,
mesmo que fora dos códigos habituais de comunicação, é uma necessidade que a
todos assola de quando em vez.
A diferença entre
a grande maioria dos que usam a fotografia e de alguns que também a usam, é que
estes, nestes casos, pouco se importam com a reacção ou interpretação do público.
“Likes” e “Coments” são “Cenas que não os assistem”.
Fazem-no e
exibem-no porque lhes apeteceu, porque foi assim que alinharam a cabeça, o olho
e o cérebro. E não para que outros gostem, ou mesmo que interpretem, entre dois
clicks ou o passar rápido das páginas de um site ou revista.
Se o objectivo de
um fotógrafo for a comunicação de massas, o chegar a todos, o fazer passar uma
mensagem, o ganhar apreço ou dinheiro, mesmo que seja com uma pasta de dentes
ou com um pôr-do-sol, esqueça-se tudo o que disse acima. Sigam-se as regras da
academia, as fórmulas e os algoritmos, as modas e as convenções.
Mas se o objectivo
for colocar a sua alma no que faz e mostra, pouco preocupado com as
interpretações ou opiniões de terceiros…
By me
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