Este sou eu, numa
fotografia feita há demasiado tempo para que me recorde quando.
Do que nela se vê,
ainda possuo:
A barba, maior e
branca; o chapéu e o colete, arrumados nem sei onde; o flash, o punho e o cabo
disparador, o primeiro ainda em uso, ou outros guardados onde não os perco.
A câmara,
propriamente dita, é uma Linhoff Tecnika 70. Produzia imagens em formato 6x7 ou
6x9, em película formato 120 ou, usando película rígida, imagens em 6,5x9, em
carregadores (chassis) individuais e reveladas também individualmente.
Pese embora ter
vendido esta câmara faz já bastante tempo, ainda hoje tenho saudades de a usar
e do que com ela aprendi.
E se fui buscar
esta velharia ao arquivo foi para que os que nasceram para a fotografia já na
era do digital possam entender um pouco melhor o texto que se segue.
Trata-se da
transcrição de uma eventual entrevista a Eliot Porter, publicada no livro
“Dialogo com la fotografia”.
Nele fala-se de
uma câmara Linhoff 9x12 e das consequências de a ter usado, nos idos de 1935.
Tendo o negativo o dobro da área desta na imagem, pode imaginar-se o tamanho da
câmara e a facilidade (ou não) de utilização. Ou, o que não é contado mas que
consigo imaginar, tratar-se-ia de uma câmara não usável desta forma, mas tão só
em tripé, com o que isso implica de transporte e manuseio.
Mas leia-se o
texto:
“…
Quizás 1935 o
1936. Eso fue mientras yo todavia enseñava en el departamento de bacteriologia de
Harvard. Volvia a Nueva York de vez en cuando com un conjunto de fotografias y
se las mostraba. Las mirava y decía: “Oh, todas son confusas. No es un problema
de precisión. La fotografia da mucho trabajo y tienes que trabajar más duro.” Fue
siempre muy simpático, y nunca fue grosero conmigo. No me decía: “Pierdes el
tiempo” o “Eso es basura”, pero las examinaba cuidadosamente. Entonces fui un
verano a Suiza y Austria. Como resultado de su crítica, me compre una Linhoff
de 9x12, comencé a tomar fotografias más grandes y me llevé esa cámara a
Europa. Cuando volvi e hice algunas copias de fotografias tomadas en el Tirol y
otros lugares, incluso fotografias de aves, se las enseñé a Stieglitz. Las miro
cuidadosamente, las volvió a mirar una segunda vez, y me dijo: “Quiero exponer estas”.
Así fue. Yo no lo esperaba. En cierto sentido fue como si me golpearan en la
cabeza, pero fue un golpe muy agradable.
…”
Servirá, talvez,
este pequeno depoimento como exemplo da necessidade de pensar a fotografia
antes de a fazer. Antes de comprar a câmara que refere, o autor usava já as então
novidades “Leica”. Película de 35mm, muito mais pequenas sequer que a exibida
na imagem.
O facto de se
pensar antes de fotografar, nem que seja devido à complexidade do equipamento,
no lugar de se “disparar” à toa pela facilidade com que se o faz, fez toda a
diferença.
By me
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