Aquele fulano –
chamemos-lhe Zé – era particularmente devoto e cumpridor da religião. Todas as
noites, antes de deitar, ajoelhava junto à cama e fazia as suas orações.
E, todas as
noites, pedia encarecidamente que saísse a lotaria, que a vida estava difícil.
Uma noite, rezava
o Zé aos pés da cama e surge uma luz brilhante no quarto, da qual saiu um ente
estranho. Que lhe disse:
“Zé! Sou o arcanjo
Gabriel e venho dizer-te que os teus pedidos foram ouvidos e que esta semana
vai-te sair a lotaria. Mas ao menos compra uma cautela, certo!?”
Assim funcionamos
nós:
Temos fé num deus,
temos fé num governo, temos fé num país, mas ficamo-nos por isso – fé. Pouco
fazemos para que com os nossos actos, as nossas preces ou desejos se
concretizem!
São milhares,
aqueles que protestam contra o facto de haver fome em Portugal, um país
europeu. Muitos milhares mesmo!
Mas são poucos os
que vejo a darem do que é seu (não do que lhes sobra) para terminar com isso.
As campanhas de
solidariedade para com quem tem fome ou frio acontecem pelo Natal. Naquela
altura em que os orçamentos familiares estão com um pouco de folga, que se
recebeu (quem recebeu!) o subsídio de natal.
Mas não vejo (ou
sei) de cidadãos que ao longo do ano retirem um pouco do que possuem para
mitigar fome ou frio dos seus patrícios.
É bom rezar e ter
fé. Num deus, num governo, num país. Mas se não se comprar uma cautela…
By me
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