Não estando muito
inspirado esta manhã para algo de novo, fui dar uma olhada no arquivo. E fui
dar comigo a ler um texto, que abaixo transcrevo, de 2009.
Fiquei curioso
sobre se o que me levou a pensar e escrever então se manteria hoje, pelo que fui
em busca da pessoa em causa nas redes sociais.
Por aquilo que vi,
continua ele a escrever e a fotografar da mesma forma. E, presumo, a pensar e
agir de igual modo.
O texto de então
continua válido hoje. Tal como continua válido o meu principio ético de não o
nomear.
“Tenho para mim
que é da variedade de opiniões que o conhecimento evolui. Tanto com opiniões
concordantes como, e principalmente, com opiniões discordantes. Que será de
conhecermos o que pensa quem de nós discorda -ou aqueles de quem discordamos –
que podemos ter acesso a outras formas de pensar.
Por isto mesmo,
tenho o hábito de ir dar uma olhada a espaços virtuais – blogs – de gente com
quem não partilho boa parte daquilo que lá exprimem. E se, em regra, fecho
essas páginas com a mesma opinião com que as abri, volta e meia tenho que dar a
mão à palmatória e reconhecer que alguns dos pontos de vista ali lidos até têm
algum fundamento. Mesmo que com eles possa não concordar. E fico bem mais rico
no que sei ou julgo saber.
Tem sido o caso do
blog de alguém que está ligado ao mundo do fotojornalismo. Não apenas exerce o
ofício numa empresa de comunicação social de relevo neste país, aí ocupando um
lugar de destaque, como emite opiniões sobre esse mesmo mundo da fotografia.
As mais das vezes
não consigo concordar com o que lá é exposto. Tanto sobre fotografia como sobre
a sociedade. Tem o seu autor uma visão diametralmente oposta à minha, o que lhe
é legítimo e salutar. E nem sempre gosto das fotografias que expõe, tanto na
web como em galerias, que já tive a oportunidade de as ver ao vivo e a cores.
No entanto, lá
calha ter que concordar com alguns pontos de vista. E algumas das fotografias
até que são mesmo do meu agrado.
Acontece que
publicou ele um trabalho no seu blog que entendi que deveria ser objecto de
comentário meu. Assinado com a minha identificação de um dos blogs que
subscrevo. Nesse meu comentário, e tão fundamentadas quanto o possível num
comentário a um post, exprimi o que entendia ser errado, bem errado, no
trabalho em causa. Não referi questões estéticas ou técnicas, mas antes as vertentes
éticas ou deontológicas que ali estavam manifestas. Ou melhor, à sua falta no
trabalho.
Foi com alguma
surpresa, ou talvez não, que passadas umas horas constatei que a pessoa em
questão tinha ficado aborrecida para além do aceitável com o que eu havia
escrito e ali publicado como comentário ao trabalho. A ponto de ter decidido
apaga-lo e de passar a tê-los (aos comentários) objecto de análise prévia da
sua parte. E disso fazer alarde num post.
Incomoda-me ver
esta atitude da parte de alguém que faz da informação o seu ofício, a par com o
ensino da mesma e que, ainda por cima, expõe e se expõe num blog.
É que, e do meu
ponto de vista, o que foi por ele feito foi apenas um acto de censura, pura e
dura. Não gostou e apagou. Ponto. E impede que ali fiquem quaisquer outros
comentários de que não goste. Ponto.
Será esse um seu
direito, até porque o servidor de blog o permite. Mas é pouco consentâneo com
um profissional da informação, o acto de censurar. Um pouco pior em tratando-se
de alguém que, na empresa onde trabalha, exerce um cargo decisório sobre os
trabalhos de outros. E, pior ainda, alguém que usa o que sabe e pensa para o
transmitir a outros, bem mais novos e que querem com ele aprender do ofício.
Espero, neste último caso, que os seus alunos entendam que o professor que têm
defende e pratica a censura sem pudor.
Pela parte que me
toca, a solução até que é fácil:
Entendo que não
quero mais visitar um espaço que assim trata os seus visitantes, pelo que lá
não voltarei. Apaguei mesmo o link ao seu espaço que aqui tinha. No fim de
contas, eu até nem concordo com a maioria dos seus pontos de vista.
Mas, pela parte
que nos toca a todos, saber que esta pessoa tem um papel de relevo num
periódico de grande tiragem e impacto em Portugal, incomoda-me de sobre maneira.
Não tenciono
deixar aqui o nome desse fotógrafo, nem o nome do seu blog, nem mesmo o nome do
jornal para que trabalha. Eu sei de quem estou a falar, o próprio também o sabe
e sabe quem eu sou. E não creio que venha ler estas linhas. E, se vier, saberá
o que penso, que destas linhas lá não deixo cópia.
Quanto a todos os
restantes jornalistas e fotojornalistas deste país, estou em crer que não
fariam um acto destes, pelo que não os incluo neste julgamento francamente
pouco abonatório que desta pessoa faço.
Entenda-se que
todo este discurso é um desabafo. Entenda-se também que não tenciono apagar
nenhum comentário que, por mero acaso, aqui venha cair, venha de onde vier,
contenha o que contiver. Que eu da censura já tive a minha boa dose, antes e
depois de Abril.”
Nota adicional: a
pessoa em causa continua a leccionar hoje, em 2016, o que é notoriamente perigoso!
By me
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