sexta-feira, 8 de março de 2024

Hoje e amanhã




Uma das coisas que me custa é ver o percurso, as ideias e os comportamentos de tantas pessoas.

Nascidas de famílias com poucos recursos, tiveram juventudes difíceis. Os pais esforçaram-se até ao limite para que estes pudessem ter uma vida melhor, que nem sempre conseguiram.

Entrando no mundo do trabalho, protestaram contra as condições laborais, os contratos precários, os horários intermináveis, as prepotências de chefes e patrões.

Mas assim que conseguem subir um degrauzinho que seja na escada da sociedade, trabalho ou outra, transformam-se e são tão ferozes para com os que ficaram para trás como aqueles contra quem protestaram na véspera. Nos actos e nas palavras. Nos desenhos de sociedade e na disciplina da hierarquia. Mais papistas que o papa!

Sabemos, porque a experiência assim nos ensina, que essas pessoas dificilmente irão mais longe que serem o chefe maior do pessoal menor. Os donos da chave da retrete. Os escravos feitos feitores. Aqueles que os seus iguais de origem odeiam porque algozes nas suas misérias. Os bufos. Os lambe-botas. Os sempiternos frustrados porque, por muito que se esforcem, nunca serão mais que isso mesmo: os trastes da sociedade.

São estes, lamentavelmente, que este domingo serão o grosso dos votantes naqueles que se opõem à igualdade entre seres humanos. Aqueles que defendem como natural que muitos durmam em cobertas de serapilheira enquanto alguns poucos dormem em lençóis de seda.

No dia da Mulher, temo pelo resultado destas eleições.


By me

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