quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Traveling 28



Há uns trinta ou quarenta anos, uma objectiva de 28mm seria a segunda ou terceira a comprar por parte de quem se interessava a sério por fotografia.
A outra seria uma 135mm e a ordem da compra basear-se-ia na disponibilidade do mercado e se o comprador preferia trabalhar à distância ou perto do assunto.
No meu caso, a segunda foi uma 75-150, a terceira uma 28 e a quarta uma 90mm. No caso desta última, a opção deveu-se à sua qualidade óptica e à sua capacidade macro (1:2 directo). Foi a objectiva de que mais gostei e cujo ângulo de visão mais se ajustava à minha própria visão.
Tenho-as todas, bem como a 50mm de origem. A trabalharem como sempre e em óptimo estado.
Esta que aqui está não é a minha! Tive-a na minha posse há três anos e por uns quinze dias.
Chamo-lhe eu a “objectiva vadia”, ainda que o nome pelo qual ficou conhecida foi “traveling 28”.
O seu dono vive algures nos EUA e, tal como eu, é utilizador de equipamento Pentax. E, tal como eu, pertence a alguns fóruns on-line de utilizadores Pentax.
Propôs ele, um dia e num deles, uma aventura fotográfica: A mesma objectiva (esta) andaria de mão em mão por entre os membros, fotografando eles com ela e mostrando no fórum o que com ela fizeram.
Claro que a maioria de nós tinha uma semelhante, mais antiga (como eu) ou mais nova com foco automático. Ou igual.
Mas a piada do desafio era sentirmo-nos na obrigação de usarmos, por algum tempo, esta distância focal. Mesmo que, nas DSLR já não fosse uma grande angular. Fizemo-lo!
Viajou ela pelo continente Americano, pela Europa e pela Ásia. Não posso já garantir, mas creio que fomos uma vintena que a usámos.
As fotografias que com ela fiz estão por aí guardadas e na net exibidas. Não serão nada de especial, mas eu também não sou grande fotógrafo.
O que tem realmente graça é o sentimento e a prática da partilha, da confiança, da fraternidade entre gente que não se conhece que não seja da virtualidade da web. Que, ao fim de um ano de viajar pelo mundo, regressou às mãos do seu dono impoluta e perfeita como havia saído.

De uma forma ou de outra, estamos a ficar viciados no uso de objectivas zoom: maior ou menor ângulo de visão, de acordo com o nosso olho e mente, sem sair do local e com pouco esforço. Esquecendo que a principal ferramenta do fotógrafo se chama “perspectiva”. E que a melhor zoom que podemos ter é a dois tempos e chama-se “pé-direito-pé-esquerdo”.
Fica a dica, para quem se interessa por fotografia para além das festas, férias ou gatinhos:
Escolham uma distância focal, quer seja uma focal fixa, quer seja uma zoom, e durante um dia ou uma semana fotografem apenas com ela. E, se o assunto não couber ou ficar muito pequeno, mexam-se.

Talvez que descubram todo um mundo novo no fazer de imagem.

By me 

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