O
meu tio Artur era uma figura ímpar.
A
sua vida daria um belo romance de amor. Talvez um destes dias aqui volte a
falar nele.
Tinha
ele uma atitude extremamente positiva para com quem o cercava.
Quando
o visitava, havia sempre uma caixa enooooorme de chocolates suíços, onde a
minha dúvida era na escolha por entre aquelas fotografias de paisagens alpinas
que nos deliciavam os olhos e a boca.
Possuía
uma agenda bem grande, onde anotava os aniversários de todas as pessoas que
conhecia, parentes ou não. Diariamente, antes de sair de casa, consultava-a,
tomava notas e passava pelos correios afim de enviar aos aniversariantes um
telegrama de parabéns. Mesmo que já não visse ou falasse com a pessoa há muitos
anos.
Era
meu tio-avô, pelo que, quando o conheci tinha já uma idade provecta.
Uma
ocasião, era eu catraio miúdo, fui lá casa com minha mãe.
Ele
estava bastante doente, já acamado. Quis a minha mãe fazer-lhe uma
fotografia.
A
dobra do lençol foi arranjada, assim como a almofada, a gola do pijama e os
alvos cabelos.
Junto
aos pés da cama, minha mãe levou a câmara à cara e enquadrou. No instante
imediatamente antes do disparo, meu tio Artur levantou a mão direita e encenou
um adeus, sorrindo. Que ficou na imagem latente e, mais tarde,
positivado.
Foi
a sua última fotografia. Faleceu no dia seguinte.
Aquele
homem, com uma vida riquíssima de peripécias, amigos e romance, sabia que
estava a chegar ao fim desta sua viagem. E quis mandar uma mensagem de
despedida para todos.
Através
da magia da fotografia fez questão de se despedir sorrindo, mesmo que não
viessem a ver o seu adeus.
Ainda
hoje revejo na memória o fazer dessa imagem. Que não possuo, mas que foi uma
das chaves que tive para este mundo maravilhoso da comunicação.
Obrigado
tio Artur!
By me
By me
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