quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Um destes dias, por cá...


Reino Unido entra na era da vigilância 2.0

A cibervigilância feita pelos próprios cidadãos está a ganhar terreno no Reino Unido. Todos aqueles que queiram, a partir de casa, vigiar determinado local público (a partir das imagens recolhidas em directo por câmaras de segurança instaladas in loco) poderão ganhar cerca de mil euros por mês com esta actividade, que funciona através de um sistema de pontos. A era da videovigilância 2.0 parece estar a chegar ao país, que ameaça transformar-se num “paraíso de espiões”, acusam os críticos.
Uma empresa chamada Internet Eyes oferece aos seus clientes a possibilidade de alugarem câmaras de vigilância ligadas à Internet a um preço de 20 libras por câmara por semana.
Um aspirante a cibervigilante tem que começar por preencher uma ficha de inscrição online e depois o método é simples: os subscritores do serviço vão acumulando pontos pela actividade de vigilância. Quando vêem algo de suspeito (sempre atentos às imagens que vão fluindo em directo nos ecrãs dos seus computadores) têm de carregar num botão para enviar a imagem (com o respectivo descritivo do acontecimento) para os donos das câmaras.
Os utilizadores que detectem uma actividade suspeita, ganham um ponto. Se essa actividade resultar num crime real, os utilizadores ganham três pontos. E, nesta actividade, pontos equivalem a dinheiro.
De acordo com o The Times, esta empresa está a promover o serviço como um jogo online, estando até previsto que haja uma prova em rede, em Novembro, na localidade de Stratford-upon-Avon.
Esta iniciativa já recebeu inúmeras críticas. Grupos de apoio às liberdades civis asseguram que a iniciativa Internet Eyes poderá converter o Reino Unido num “paraíso de espiões”.
Charles Farrier, director do grupo No CCTV (que se poderá traduzir como “Não às emissões em circuito fechado”), qualificou a ideia de “terrível” em declarações à imprensa britânica. “Isto é algo que deve ser cortado pela raiz. Não só fomenta uma perigosa mentalidade de espionagem, mas também poderá fomentar perigosos abusos dos direitos civis”.
Tony Morgan, um dos responsáveis da empresa, assegura porém que o sistema oferece às empresas locais mais protecção, dissuadindo os delinquentes. “Isto poderia converter-se na melhor arma de prevenção de delitos que alguma vez existiu”, afirmou.
Estima-se que o Reino Unido tem cerca de 4,2 milhões de câmaras de vigilância espalhadas por locais públicos, o que equivale a um ratio de cerca de uma câmara para 14 pessoas.


Texto: in Publico.pt
Imagem: by me

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