quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Rabisco photográphico


Será esta fotografia importante? Ou mesmo boa? Nem uma coisa nem outra!
Então, pergunto-me, por diabo a fiz?
Fi-la sabendo que não passaria de um rabisco photográphico, uma daquelas que fazemos porque apetece e nada mais. Pior: sabendo que não transmitiria a qualquer que a visse o que quer que fosse do que sentia na altura.
Esta photographia mais não é que um daqueles rabiscos que alguns fazem num papel, enquanto esperam que, do outro lado da linha, atendam o telefone ou termine aquele imenso “É só um minuto!”
Então, o que me levou a fotografar?
Depois de uma noite chuvosa, ventosa e que, a dar fé em notícias, nalguns lugares deu direito a desabamento de terras, foi uma madrugada de trabalho em que, à entrada para o subterrâneo que nos serve de estúdio, o negrume da noite era apenas cortado pelas luzes brancas ou amarelas da rua e do pátio e o seu reflexo nas nuvens que, baixas, corriam a boa velocidade.
Quando finalmente o programa terminou e consegui ver o sol, este brilhava intermitentemente por entre as nuvens que, mais altas agora, continuavam numa correria desenfreada. Tapa, destapa, tapa, destapa.
Nos intervalos destapados, tudo brilhava radioso, por receber todo o espectro de frequências. Até os sorrisos em redor alternavam, em sintonia, com o baço envolvente ou com brilho apetitoso.
Este é um destes momentos.
Poderia ter sido registado em qualquer outro dia solarengo, em que toda esta luz durasse muito mais que uns breves instantes. Mas não foi isso que aconteceu nem o que me apeteceu fazer.
Não passa de um rabisco que a luz escreveu na minha câmara, para minha satisfação momentânea.



Texto e imagem: by me

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