domingo, 11 de outubro de 2009

Pequenos gestos


Nesta partilha do espaço público por carros e peões, o normal é ouvirem-se queixas destes acerca daqueles. E com bons motivos, que muitos são os automobilistas que não respeitam quem caminha, esquecendo-se que, fora do carro, também eles caminham.
Mas acontece que ter direitos implica ter responsabilidades e que estas passam pelo bom-senso e urbanidade.
Em aproximando-me de uma passadeira de peões não semoforizada, faço como toda a gente que tem amor à pele: olho para a esquerda para ver se algum carro se aproxima, a que distância e a que velocidade. Até porque, e como diz o outro, “Aqui jaz um que tinha prioridade”.
Se constato que se aproximam um ou dois carros, e já perto, dou um passo atrás e, se for caso disso, faço um gesto largo a ceder a passagem. Passando eu depois.
Aqueles dois, três, cinco segundos em que eu esperei mas em que nunhum carro foi obrigado a para subitamente, são bem menos incomodativos para mim, enquanto peão, que para o automobilista e a manobras que teria que fazer. E o sorriso e o gesto de agradecimento que, as mais das vezes, recebo em troca, pela certa que compensam o tempo que ali parei.
Claro está que, em iniciando a travessia, exijo a prioridade que tenho. E quem vier do outro lado, da direita, terá que parar, se for esse o caso. Primeiro porque o peão, ali, tem a tal prioridade; segundo, porque é perigoso, para carros e peões, que estes estejam parados na faixa de rodagem; terceiro; porque quem vem da direita teve tempo para me ver a atravessar e decidir o que fazer – passar antes de mim ou aguardar a minha passagem.
Dentro desta linha, aconteceu-me um episódio, há anos:
Caminhava eu com o meu sobrinho, na altura com uns 6 ou 7 anos, e, ao cruzarmos uma passadeira, perguntou-me ele porque agradecia eu quem nos dava passagem, se ali tínhamos a prioridade.
Respondi-lhe que o agradecimento fica sempre bem, mesmo que seja na sequência de um acto obrigatório. E que o automobilista, ao vê-lo, se sentiria bem e com vontade de continuar a dar a passagem nas passadeiras, obrigatório ou não.
Passados uns tempos, meses suponho, tenho a agradável surpresa de constatar que o meu sobrinho também agradecia ao ser-lhe dada a passagem na rua e na passadeira.
São pequenos gestos e conversas de bom relacionamento com os nossos concidadãos que nos podem melhorar a vida e provocar sorrisos. No caso deste episódio, foi mesmo um sorriso de orelha a orelha!


Texto e imagem: by me

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