sábado, 27 de setembro de 2008

Pózinhos de perlimpimpim


As fotografias que faço no Jardim da Estrela, no âmbito do meu projecto “Oldfashion”, são grátis! Custo zero para o retratado! De borla! Oferta! Brinde! Presente!
Foi assim que concebi o projecto e transforma-lo em actividade comercial seria subvertê-lo. Além de me obrigar a requerer licenças à Câmara Municipal. E de me obrigar a passar facturas e ter contabilidade organizada. Tudo coisas que me incomodam de sobremaneira e que, no mínimo, me iriam provocar pesadelos!
Mas, muito mais importante que tudo isto, seria muito menos divertido. Para mim e para os restantes intervenientes, sejam eles fotografados ou não.

Claro que esta gratuitidade do projecto tem afastado gente (o que também é factor contabilizado no estudo que faço). Tem também levado a argumentações engraçadas, forçando-me, de quando em vez, a encontrar novos argumentos face ao esgrimir sorridente que vai acontecendo. E gente tem havido, pouca felizmente, que encara o acto de pagar mais como uma obrigação da sua parte que um direito da minha.
Vai daí, tenho tido quase todo o tipo de pagamentos: em flores e folhas, em gelados, em águas, em chocolates… Ainda que o único que peça seja um sorriso, o que mais me tem agradado são os que recebo espontaneamente das crianças. Ou, pelo menos, os que aparentam serem espontâneos.
Acontece que alguns adultos insistem em pagar mesmo e em dinheiro e aqui também tem havido originalidades nas formas encontradas. Há quem o deixe na tampa da câmara, há quem mo enfie no bolso do colete, há quem o tenha na mão quando ma aperta a despedir-se, há quem afirme, peremptoriamente, que só fará a fotografia se a pagar… Acaba mesmo por ser uma conversa de tolos, eles a querem pagar e eu a não querer receber. Ambos insistentes e irredutíveis.

Pois agora fui surpreendido com uma abordagem à questão deveras original.
A fotografia fez-se, eu expliquei o preço e ainda houve tempo para umas conversas animadas com a pimpolhada que vinha com a mãe. E se esta não aceitou que eu fosse, perante a prole, o Pai Natal em pessoa, não enjeitou a possibilidade de eu ser um ajudante ou amigo da referida figura. E fiquei confrontado com um conjunto de perguntas infantis que, de uma forma ou de outra, fui tratando de responder sem desmistificar o que quer que fosse.
A grande surpresa aconteceu horas depois, no final do dia. Em chegando ao quiosque do jardim, onde tomo o cafezinho da chegada e um outro ou um gelado de saída, sou confrontado com o facto de ali ter crédito. Hein! Como? Crédito?! Como assim?? Então não é que, perante a minha recusa em aceitar dinheiro, a bela da mãe foi deixar uma quantia no quiosque para pagar as minhas despesas durante algum tempo!
O pior de tudo é que não tenho forma de o devolver ou contestar, que não creio que a senhora ou as crianças ali se cruzem comigo de novo.
Assim, aqui fica a devolução virtual do recebido, feita com a minha “Caixa mágica” e com a ajuda de uns “Pózinhos de Perlimpimpim” que o amigo do Pai Natal guarda para ocasiões especiais.
E, em qualquer dos casos, obrigado.


Texto e imagem: by me

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