quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Kodak 110


Esta foi a primeira câmara fotográfica que comprei. Não foi a primeira que possui mas a primeira que comprei. Adquirida com o primeiro dinheiro que ganhei a trabalhar, logo o primeiro, recordo ainda os motivos e o local.
A loja já não existe, tal como a grande maioria das lojas de equipamento fotográfico espelhadas então pela cidade.
Os motivos de então continuam ainda hoje válidos: compactação do equipamento, alguns ajustes na tomada de vista, baixo preço.
Lamento que já não se encontre película para ela. O formato 110 desapareceu com a banalização do 35mm e suas câmaras e, mais recentemente, com o advento do digital. E lamento porque gostaria de ainda hoje a poder usar. Não se trata de saudosismo mas antes o prazer de, em possuindo algo, que funcione e que, em qualquer momento que me apeteça, o possa por em acção.
Mas há um outro factor que me leva a ainda gostar dela: o obrigar a pensar! Limitada que está por uma objectiva de focal fixa, leva o fotógrafo a ter que encontrar soluções de composição mais elaboradas, por forma a dar ênfase àquilo que quer contar com a imagem.
Recentemente, e por via de uma avaria na minha DSLR, fui obrigado a recorrer ao meu telemóvel ou, se preferirem, à minha “câmara-fotográfica-que-também-faz-chamadas-telefónicas. Tem sido uma delícia usa-la e ser obrigado a pensar, pondo de lado os facilitismos (óptimos, diga-se de passagem) que as câmaras actuais permitem. O “Japonês inteligente” ajuda-nos em muito, o podermos optar por esta ou por aquela distância focal é uma ferramenta imprescindível, mas… voltar às origens, saber dominar a perspectiva, as limitações de exposição e usa-las em nosso proveito é algo que dá um prazer fotográfico como poucos.
Um destes dias, e mesmo só por uma questão de regresso às origens, pegarei na minha velha Lomo, ainda identificada como “Made in USSR” e não “Made in Rússia”, ponho-lhe pilhas e película, e vou dar umas voltinhas. Só mesmo para ver se não perdi o toque, se alguma vez o tive!


Texto e imagem: by me

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