Quando se fala em direitos de autor, quer seja nos artigos da lei, nos artigos de jornal ou nos artigos de opinião como os blogs, regra geral fala-se de dinheiro.
Fala-se dos proventos, pagamentos e dividendos em dinheiro ou espécie que os diversos intervenientes - autores, representantes, herdeiros ou divulgadores – assumem ter sobre a obra criada.
Textos ou música, coreografia ou realização cinematográfica, obra plástica portátil ou inamovível.
Todos estes resultados de uma actividade intelectual e artesanal ou artística que se manifesta de uma forma material e permanente ou imaterial e efémera são objecto de posse.
E de cobiça!
A pirataria (cópia ilegal, plágio, roubo, etc…) são consequência do desejo de se possuir algo a que se atribui valor (afectivo, estético, material...).
As regras e as leis existentes defendem o direito do autor sobre a autoria da obra, reservando-lhe os lucros da sua comercialização ou transacção.
Mas há outro aspecto, tão ou mais importante, sobre a autoria que, regra geral, é negligenciado: a obra em si mesma.
A facilidade da reprodução actual (de textos, fotografias ou pinturas, música ou cinema) faz com que se copie de uma forma indiscriminada, usando o trabalho original a seu bel-prazer. Muitas vezes truncando-o inserindo-o noutro contexto, “abusando” da obra original a tal ponto que o próprio autor teria dificuldade em reconhecê-la. É uma das características da sociedade tecnológica e de informação em que vivemos.
E se há uma forma de arte ou de expressão que fica a perder com estes processos é o cinema!
Quando um realizador concebe uma cena ou filme, em que a marcação de actores, banda sonora, tamanho e sequência de imagens, cenários e cores, está a conceber para um dado suporte final. As mais das vezes, a tela grande de uma sala de cinema.
Ao transformar esse trabalho, ainda que legitimamente pago, num suporte de consumo doméstico, boa parte do trabalho vai-se pelo cano abaixo.
Só para dar alguns exemplos:
A grandiosidade da nave alienígena em “Encontros imediatos do 3º grau”, ao descer naquele terreno, perde-se por completo se, no lugar de ser vista numa tela de 10 metros, o for num ecran com uns míseros 60 centímetros;
Os voos solitários sobre as montanhas e oceanos em “Fernão Capelo Gaivota” transformam-se em imagens monótonas e entediantes;
O trepidar do assento em “Terramoto”, desaparece, reduzindo o audiovisual a pouco mais que uma reportagem de um qualquer telejornal.
Não é à-toa que existe o conceito e a especialização em “tele-filme”. Som, imagem, acção, tudo é concebido para o pequeno ecran. Nas dimensões existentes e nas condições da sala: luminosidade, ruído ambiente, distancia de observação, interrupções fortuitas…
Vem tudo isto a propósito dos canais temáticos de TV sobre cinema e sobre os clubes de vídeo e lojas de venda – fita ou DVD.
Lucram os distribuidores, com o aumento da facturação; lucram as estações de TV, com o aumento das audiências e da publicidade; lucram as lojas com as vendas ou aluguer…
Mas perdem os autores, que vêem as suas obras apreciadas em condições que degradam, para não dizer aviltam, o trabalho original; perdem os clientes, que compram lebre e levam lebre, mas compare-se a lebre de caça com a lebre de aviário!
Uma comparação, talvez fácil, é sobre a “Gioconda”. Dificilmente haverá alguém, na sociedade ocidental actual, que não tenha visto uma reprodução: nos jornais ou revistas, em livros, em calendários, na web…
Mas a quem a tenha visto ao vivo, no museu, só poderá concordar comigo.
Ou a capela Sistina; ou o “Nascimento de uma nação”; ou a 5ª de Beethoven; ou “As bodas de Fígaro”…
Dir-me-ão alguns que o cinema em casa é prático, cómodo e economizador de tempo e dinheiro. Também o é o “fast food” ou uma grande chávena de café em jejum depois de uma noite de três horas de sono.
É uma questão de quantidade versus qualidade!
É uma questão do rumo que a sociedade está a tomar!
Texto: by me
Imagem: edit from the web
Fala-se dos proventos, pagamentos e dividendos em dinheiro ou espécie que os diversos intervenientes - autores, representantes, herdeiros ou divulgadores – assumem ter sobre a obra criada.
Textos ou música, coreografia ou realização cinematográfica, obra plástica portátil ou inamovível.
Todos estes resultados de uma actividade intelectual e artesanal ou artística que se manifesta de uma forma material e permanente ou imaterial e efémera são objecto de posse.
E de cobiça!
A pirataria (cópia ilegal, plágio, roubo, etc…) são consequência do desejo de se possuir algo a que se atribui valor (afectivo, estético, material...).
As regras e as leis existentes defendem o direito do autor sobre a autoria da obra, reservando-lhe os lucros da sua comercialização ou transacção.
Mas há outro aspecto, tão ou mais importante, sobre a autoria que, regra geral, é negligenciado: a obra em si mesma.
A facilidade da reprodução actual (de textos, fotografias ou pinturas, música ou cinema) faz com que se copie de uma forma indiscriminada, usando o trabalho original a seu bel-prazer. Muitas vezes truncando-o inserindo-o noutro contexto, “abusando” da obra original a tal ponto que o próprio autor teria dificuldade em reconhecê-la. É uma das características da sociedade tecnológica e de informação em que vivemos.
E se há uma forma de arte ou de expressão que fica a perder com estes processos é o cinema!
Quando um realizador concebe uma cena ou filme, em que a marcação de actores, banda sonora, tamanho e sequência de imagens, cenários e cores, está a conceber para um dado suporte final. As mais das vezes, a tela grande de uma sala de cinema.
Ao transformar esse trabalho, ainda que legitimamente pago, num suporte de consumo doméstico, boa parte do trabalho vai-se pelo cano abaixo.
Só para dar alguns exemplos:
A grandiosidade da nave alienígena em “Encontros imediatos do 3º grau”, ao descer naquele terreno, perde-se por completo se, no lugar de ser vista numa tela de 10 metros, o for num ecran com uns míseros 60 centímetros;
Os voos solitários sobre as montanhas e oceanos em “Fernão Capelo Gaivota” transformam-se em imagens monótonas e entediantes;
O trepidar do assento em “Terramoto”, desaparece, reduzindo o audiovisual a pouco mais que uma reportagem de um qualquer telejornal.
Não é à-toa que existe o conceito e a especialização em “tele-filme”. Som, imagem, acção, tudo é concebido para o pequeno ecran. Nas dimensões existentes e nas condições da sala: luminosidade, ruído ambiente, distancia de observação, interrupções fortuitas…
Vem tudo isto a propósito dos canais temáticos de TV sobre cinema e sobre os clubes de vídeo e lojas de venda – fita ou DVD.
Lucram os distribuidores, com o aumento da facturação; lucram as estações de TV, com o aumento das audiências e da publicidade; lucram as lojas com as vendas ou aluguer…
Mas perdem os autores, que vêem as suas obras apreciadas em condições que degradam, para não dizer aviltam, o trabalho original; perdem os clientes, que compram lebre e levam lebre, mas compare-se a lebre de caça com a lebre de aviário!
Uma comparação, talvez fácil, é sobre a “Gioconda”. Dificilmente haverá alguém, na sociedade ocidental actual, que não tenha visto uma reprodução: nos jornais ou revistas, em livros, em calendários, na web…
Mas a quem a tenha visto ao vivo, no museu, só poderá concordar comigo.
Ou a capela Sistina; ou o “Nascimento de uma nação”; ou a 5ª de Beethoven; ou “As bodas de Fígaro”…
Dir-me-ão alguns que o cinema em casa é prático, cómodo e economizador de tempo e dinheiro. Também o é o “fast food” ou uma grande chávena de café em jejum depois de uma noite de três horas de sono.
É uma questão de quantidade versus qualidade!
É uma questão do rumo que a sociedade está a tomar!
Texto: by me
Imagem: edit from the web
Sem comentários:
Enviar um comentário