Nem sempre o tempo ou a
inspiração do momento é suficiente para explanarmos tudo o que queremos ou como
queremos.
Mas porque mo
perguntaram, aqui fica o resumo de um sumário minimalista de tópicos das razões
de fotografarmos.
Entenda-se que cada um
dos temas abordados daria para muitos livros de grossa lombada: alguns que já
li, outros que ainda não li e outros que eu mesmo ainda não acabei de escrever.
O fazer de fotografia
pode ter vários motivos, uns mais bonitos que outros.
Em primeiro lugar, e para
alguns, é um modo de vida, de garantir o pão de cada dia.
Mas pode querer apenas
criar algo que não existe: um jogo de luz, cor e formas que, de algum modo,
satisfaça a necessidade criativa de quem fotografa.
Pode ser apenas uma moda.
Há anos, quando comecei, a fotografia era particularmente cara, o suficiente
para ser chamada de “hobby”: algo que se faz por gosto mas que esgota os
recursos materiais e intelectuais. Agora, qualquer um a pode fazer, que o
equipamento de captura e processamento está ao alcance de qualquer um (ou
quase). “E se um fotógrafo de renome pode fazer, porque não eu, que basta
apontar e disparar?”, será o que muitos pensam ou sentem.
Pode ainda ser uma
necessidade de comunicar, que outras formas não satisfaçam. Mostrar o que de
belo ou de horrendo vemos é comunicar sentimentos.
Pode ainda ser um acto de
exibicionismo, que ao mostrar o que fizemos podemos estar a dizer “vejam como
penso e sinto isto!” E, com isto, afirmar a nossa forma de pensar.
Por outro lado ainda, a
febre das tecnologias de comunicação fazem com que a imagem faça parte do nosso
quotidiano. E comunicar sem se usar imagens é ser-se “out” nas modas modernas.
Boas ou más, há que fazer fotografia, de preferência com câmaras ou caras ou vistosas.
Será, no entanto, fácil de ver que os bons fotógrafos raramente se exibem
falando do que têm mas tão só do que fazem.
Há também um outro motivo
possível: cobiça! Não podemos possuir tudo o que gostamos: o pôr-do-sol, o
carro, a pessoa. Vai daí, fotografa-se e fica-se com o seu ícone. Não será bem
o mesmo, mas é o mais próximo possível.
Ainda se pode acrescentar
outra razão: a vida actual é vivida em frenesim, rapidamente e esquecendo com
facilidade os momentos que vamos vivendo. A fotografia permite, mesmo que
inconscientemente, abrandar o tempo e “guardar para mais tarde recordar”. Claro
que, com os Gb dos cartões, câmaras e sistemas de arquivo, não se recorda coisa
nenhuma, que tantas se fazem que cada uma deixa de ter importância.
Por fim (ou talvez não)
faz-se fotografia porque sim. Pelo mesmo motivo pelo qual se trauteia uma
musiquinha, ou se fica parado a olhar uma borboleta no verão, ou porque se dá
um beijo: porque nos apetece, nos dá prazer, nos satisfaz naquele pedaço de nós
que não tem razão ou, como diria o poeta, “tem razões que a razão desconhece.”
Criar, para alguns, é uma
necessidade afectiva; para outros, uma necessidade cultural; para outros ainda,
uma necessidade social; e para outros, uma necessidade intelectual. O que
diferencia uns de outros é que alguns fazem-no para serem mais que outros.
Outros para serem mais que si mesmos.
Em qualquer dos casos, o
mais importante será, creio eu, que encontremos satisfação no que fazemos.
Porque o fazemos e não porque outros o fazem.
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