Já lá vão uns anos valentes.
Uma ocasião uma colega perguntou-me se eu poderia positivar
uns negativos antigos que possuía. Coisas de família. E eu disse que sim.
Só não esperava aquilo que me esperava: uma caixa de
sapatos, dos grandes, cheia de negativos. Todo o tipo de negativos, em todos os
formatos. Incluindo em vidro.
Levei tempo a tratar da “encomenda”. Ampliadas ou por
contacto. Não apenas pela quantidade mas, e principalmente, pela preciosidade
de ter a história de uma família assim reunida nas minhas mãos.
E foi uma ternura fazê-lo. A dado passo já reconhecia os
fotografados. Pelas feições, pelos locais, por aqueles com quem estavam. E
vê-los crescer, de infantes a adultos, no casório, nos baptismos, nos
envelhecimentos… Creio que só estavam excluídos os funerais, mas também creio
que ninguém fotografa funerais.
Para aqueles que têm, hoje, o mau hábito de apagar
fotografias, fica a recomendação: não privem os vossos descendentes do prazer
de vos conhecerem. Tanto pelas imagens do que são como pelas imagens que
acharam interessante fazer.
Fotografar também é registar o presente para os vindoiros.
E não! Estas fotografias não são dessa família. Encontrei-as
num alfarrabista e fiquei com elas por tuta-e-meia.
Talvez um dia (quem sabe?) venha a saber quem foram.
Sem comentários:
Enviar um comentário