segunda-feira, 28 de maio de 2018

Heranças




Já lá vão uns anos valentes.
Uma ocasião uma colega perguntou-me se eu poderia positivar uns negativos antigos que possuía. Coisas de família. E eu disse que sim.
Só não esperava aquilo que me esperava: uma caixa de sapatos, dos grandes, cheia de negativos. Todo o tipo de negativos, em todos os formatos. Incluindo em vidro.
Levei tempo a tratar da “encomenda”. Ampliadas ou por contacto. Não apenas pela quantidade mas, e principalmente, pela preciosidade de ter a história de uma família assim reunida nas minhas mãos.
E foi uma ternura fazê-lo. A dado passo já reconhecia os fotografados. Pelas feições, pelos locais, por aqueles com quem estavam. E vê-los crescer, de infantes a adultos, no casório, nos baptismos, nos envelhecimentos… Creio que só estavam excluídos os funerais, mas também creio que ninguém fotografa funerais.

Para aqueles que têm, hoje, o mau hábito de apagar fotografias, fica a recomendação: não privem os vossos descendentes do prazer de vos conhecerem. Tanto pelas imagens do que são como pelas imagens que acharam interessante fazer.
Fotografar também é registar o presente para os vindoiros.

E não! Estas fotografias não são dessa família. Encontrei-as num alfarrabista e fiquei com elas por tuta-e-meia.
Talvez um dia (quem sabe?) venha a saber quem foram.

By me

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