A fotografia conta histórias. Ou estórias.
E o quotidiano está cheio de estórias e histórias. Boas e
más, belas e horrendas.
Enquanto os fotógrafos de reportagem continuarem na linha em
que só o mau e horrendo merece ser fotografado, enquanto os media continuarem
na linha em que só essas merecem ser publicadas, enquanto o público prestar
mais atenção a essas… Não creio que possamos melhorar o mundo em que vivemos.
Que os exemplos formam, queiramos ou não, a nossa forma de
nos comportarmos.
E, em caso de dúvida, veja-se o que acontece com as crianças:
as que têm bons exemplos em casa e circundante e as que não os têm e como se
comportam enquanto crianças e enquanto adultos. Não será regra inquebrável, mas
é o que acontece na maioria dos casos.
Ou o que sucede com os adultos que privam com quem tem
comportamentos negativos e o que sucede com quem comportamentos positivos.
A fotografia de reportagem, que mostra ao público aquilo que
ele não tem possibilidade de ver ao vivo, funciona como exemplo. Os bons e os
maus.
E, de um modo ou outro, condiciona comportamentos.
O sermos permanentemente “bombardeados” com imagens do
horror que vai acontecendo pelo mundo, depois do choque inicial, passa a banal.
E, em seguida, passa a evento inconsequente. Exemplo de comportamento que pode
ser seguido.
Não sou a favor da divulgação de imagens, fotográficas ou
outras, que exclusivamente pintem de “cor-de-rosa” o mundo em que vivemos. Que
essa não é a única realidade. Mas o seu oposto também não é a única realidade. O
ser humano não vive, em exclusivo, na violência, na destruição do que o cerca.
Mostrar os dois lados do comportamento humano e deixar que
cada um escolha o seu caminho é, talvez, o mais certo. Deixando que o belo e o
horrendo coexistam na fotografia e permitir que que o primeiro se sobreponha
nos comportamentos.
Claro que há imagens, reportagens, que despertam
consciências e modificam atitudes. Recordo, assim de repente, do massacre de
Dili, dos horrores do Vietnam, da fome em áfrica. Acordaram o mundo.
Claro, também, que o público consome essas imagens ou
reportagens como forma de sublimação dos seus próprios males: enquanto vêem
acontecer lá longe, dão graças por os seus problemas não serem tão grandes.
Mas não existirem contrapontos, se as reportagens, no seu
todo, não mostrarem que há alternativas, tudo isso passará a ser banal. Quiçá
exemplos a seguir.
Fotografe-se e divulgue-se o que de mau acontece. Mas não se
faça disso o objectivo único da fotografia ou da reportagem fotográfica. Ou das
capas dos media, seja qual for o suporte.
By me
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