segunda-feira, 21 de maio de 2018

D'arquivo




O registo que tenho, texto e imagem, é este. E, se a memória me não falha, a conversa terá sido quase textualmente assim, há uns quatro ou cinco anos.

 - Estou sim, bom dia.
- Bom dia! Estou a falar com o senhor Duarte?
- É o próprio.
- O meu nome é Maria Silva e estou a falar em nome da empresa XPTO…
- Só um instante, que a minha memória é fraca. Deixe-me tomar nota… Disse-me que o seu nome é Maria Silva?
- Exactamente. E queria perguntar-lhe…
- Só mais um bocadinho. E disse-me que fala da empresa XPTO?
- Disse sim. E queria saber se…
- Um momento. O meu telefone deve estar com uma avaria, já que não vejo aqui o seu número.
- É natural, já que estou a falar da empresa XPTO e queria…
- Espere! Então é natural que não saiba o seu número?
- Sim, mas…
- Bem, não me parece cordial eu estar a falar com alguém de quem não posso confirmar a identidade. Quer fazer-me o favor de me dizer de que número está a falar?
- Sabe: não o posso fazer. Estou a falar de um sistema automático e as regras da empresa…
- A sua empresa não autoriza que se saiba o vosso número?
- Não, são as nossas regras. Mas eu queria saber se…
- Pois essas serão as vossas regras mas não são as minhas, p’la certa. Vamos fazer assim: a senhora liga-me de novo, de um número identificado, e a conversa pode prosseguir a partir deste ponto.
- Não posso fazer, lamento. Mas o meu objectivo é…
- O seu objectivo não sei e não creio que o venha a saber. Para que haja uma conversa é necessário que ambos os interlocutores estejam em pé de igualdade. E não me parece que seja o caso.
- Bem, nesse caso terei que desligar.
- Faça o favor, já que não fui eu que fiz a chamada. Bom dia!



By me

Sem comentários: