“Então que tal correu a apendicectomia?”, pergunta um médico
a outro, no bar do hospital.
“Hã? Não era uma autópsia?”
Piadas à parte, é sempre uma dose de risco o ser submetido a
uma intervenção cirúrgica. Não apenas pela operação de per si como pelo factor
humano.
Pela parte que me toca, tive um exemplo prático e na primeira
pessoa na semana passada.
Estava eu deitado, numa maca e na sala que antecede a de
operações, e sou abordado por alguém que se identifica como sendo o médico
responsável pela minha anestesia, que me identifica pelo nome e que me pergunta
se eu sabia que iria ser operado a uma fístula.
Imaginem o meu espanto quando sabia estar ali por via de uma
hérnia inguinal. E disse-lho sem rodeios, ainda que sem impropérios.
Empalideceu, disse-me “um momento” e saiu.
Enquanto não regressou pensei, muito seriamente, em
levantar-me e sair, mesmo envergando apenas aquela bata que nos deixa o rabo ao
léu.
Acabei por me deixar ficar e ele regressou, quase de
seguida, com outros papeis na mão e desculpando-se do engano com a enfermeira
que lhe teria dado a ficha errada.
Ainda não foi desta que me fizeram a autópsia. E uma hora
depois tinha a sutura que se vê.
By me
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