Pessoas
há que abominam os graffitis. Por mim, até lhes acho graça!
Por
um lado, o acto de os fazer é um puro acto de rebeldia, de inconformismo. O
fazer o proibido, às escondidas de quem fiscaliza ou se pode queixar, tem algo
de romântico que me atrai, ainda que não os faça.
Por
outro lado, uma cidade limpinha, sempre em consonância com o que os arquitectos
desenharam e conceberam é demasiado certinha para o meu gosto. O escrever
coisas nas paredes, ou nelas afixar coisas, faz da cidade um espaço vivido, com
pulsação, em que os seus habitantes tratam de a moldar a seu gosto, que até
pode ser discutível, mas que não tem que ser em exclusivo o que saiu das
pranchetas e que tem o carimbo de “aprovado” do município.
Por
outro lado ainda, prefiro que a questão da definição de territorialidade seja
afirmada por escritos nas paredes, com tinta, a que seja com sangue, no
empedrado da calçada durante uma rixa.
Por
fim, os graffitis também servem para pôr à prova a nossa imaginação de várias
formas. Quer seja para tentar ler o que consta ali, quer seja para tentar
descortinar quem e com que aspecto o fez. E, enquanto o fazemos, o tempo vai
passando, sendo menos penoso o esperar pelo comboio, autocarro ou a hora do
encontro.
Claro
que mais pode ser dito em prol dos graffitis, nomeadamente o sentido de
liberdade que os seus autores possuem ao ficarem indiferentes com o espaço
disponível e usarem tão só aquele que querem. Esquecendo por completo os
limites da superfície. Mal comparado, ou talvez não, talvez que só sejam
compatíveis com os autores de graffitis os autores das pinturas e gravuras rupestres
dos nossos antepassados pré-históricos.
Poluição
visual urbana? Nem de perto nem de longe! Verdadeira poluição visual são as
publicidades, comerciais ou políticas, que nos tentam impingir um produto,
escondendo os seus defeitos, com o fim único de fazer lucrar à nossa custa os
seus promotores.
Em
última análise, os “grafiteiros” juvenis na sua rebeldia mostram-se bem mais
honestos e criativos que os publicitários ou directores de campanha. E muito
mais inofensivos.
By me
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