Era um daqueles
pontos de referência na cidade.
O J.C. Alvarez,
nome que dávamos à loja “Fotocine”, era uma das melhores de Lisboa.
Preparada para
atender os mais simples amadores, os mais exigentes e os profissionais, tinha
de tudo: do bric-à-brac, às peças soltas, todo o tipo de película, em rolo ou
película rígida, todas as marcas de câmaras e respectivos acessórios, uma sala
dedicada a bons tripés (incluindo o Gitzo) e a equipamento de laboratório… Para
já não falar que possuía toda a panóplia de filtros, vidro ou gelatina, em
todos os tamanhos, incluindo em rolo para projectores. Quanto a adaptadores de
qualquer coisa para qualquer coisa, era um especialista.
O J.C. Alvarez era
um ponto de referência no panorama fotográfico Alfacinha.
Como muitas
outras, fechou! Há já bastante tempo.
Nunca saberei ao
certo o que a levou a tal, mas a verdade é que todos perdemos bons negócios e
bons profissionais a saberem do que falavam.
Restam, por aqui,
duas, talvez três boas lojas. Mas que se especializaram em determinado público
e marcas, não fazendo concorrência entre si. E as que vão estando nas grandes
superfícies comerciais, vocacionadas para o público pouco conhecedor, tentando
vender as últimas novidades e não aquilo que terá qualidade, seja qual for a
idade. Sobram umas quantas lojas quase de bairro, que sobrevivem nem sei bem
como, mas que ainda vão tendo algumas – poucas – peças que não de grande
consumo, que vão satisfazendo as necessidades ou caprichos de quem quer
fotografar que não apenas com o que os grandes fabricantes nos querem forçar a
fazer.
Mas aquele prazer
de se conversar com quem vende e que nos sabe aconselhar sobre o que melhor se
adequa ao que queremos, com referencias a marcas e especificações… isso
desapareceu quase que por completo.
Resta-nos a
memória do J.C. Alvarez e de mais umas tantas que feneceram fruto da
competitividade que os actuais políticos nos vão impondo.
Leitura
relacionada e sugerida: “Para uma filosofia da fotografia” de Vilém Flusser.
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