Aquilo
que o Homem tem feito ao longo dos milénios é tanto e tão variado que seria
fútil tentar saber tudo. No campo das artes, das ciências, do pensamento, nas
evoluções e regressões sociais.
Perante
a quase inutilidade de tudo tentar saber, resta a cada um de nós optar por
saber aquilo que entende por importante para a sua vida. Profissional ou
pessoal. E, igualmente importante, saber onde está o saber caso venha a disso
necessitar.
Acessoriamente,
as escolas orientam estes saberes e aprendizagens nos diversos campos,
fornecendo ao estudante as bases daquilo que passarão toda uma vida a aprender.
Será
papel do pedagogo escolher estes saberes básicos e disponibiliza-los ao
estudante por uma ordem lógica, bem como incentivar e ajudar a satisfazer as
curiosidades que possam advir dos saberes adquiridos. Tal como deve permitir
que o estudante saiba onde e como ir buscar mais saber ou conhecimento:
bibliotecas, pessoas, web, museus, locais de investigação… Dizia alguém que,
nos tempos que correm, o importante não é saber mas antes saber onde o saber
está e querer ir buscá-lo.
Claro
está que o que será básico num dado campo de actividade será não-básico, talvez
mesmo supérfluo, noutros campos. E este é, também, o papel do pedagogo: definir
prioridades na aprendizagem do estudante.
No
entanto, saberes existem que são comuns a todas as vertentes do conhecimento
básico. A tabuada, o primeiro rei da nacionalidade, o teorema de Pitágoras, o
oceano que banha o seu país, a sua língua e uma língua generalizada… Talvez que
não básicos para a actividade profissional, mas para viver integrado na
organização social que o envolve.
Um
destes dias constatei que um jovem com curso na área da comunicação audiovisual
ignorava por completo o que fosse a “Alegoria da Caverna”. Sabia que Platão
fora um filósofo antigo, ainda que não de que época ou civilização, mas não
sabia nem o nome nem a história ou conceitos nela descritos.
Fiquei
boquiaberto! Como é possível alguém ter uma formação profissional sólida neste
campo sem conhecer os primórdios da sua criação, do seu pensamento, do conceito
de realidade e representação?
Tratei
de, em duas penadas, colmatar aquela falha, mas tive pena de quem me estava a
ouvir. Não são coisas que se expliquem (ou se aprendam) em duas penadas. Até
porque o saber necessita de ser digerido.
Mas
fiquei a pensar que andamos a formar gente que saberá utilizar a ferramenta com
que trabalha, mas que ignora os conceitos que lhe estão inerentes para além
daquilo que vêem no ecrã do computador.
Pergunto-me
o que irá acontecer a esta geração, quando já tiver a categoria de avós, bem
como aquilo que será disponibilizado aos seus netos pelos pedagogos.
Talvez
que só saibam reconhecer uma sombra e que desconheçam por completo a tridimensionalidade
ou as cores.
By me
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