Há uns dias
desembarquei numa estação de caminho de ferro e deparei-me com o que já sabia:
A saída das
plataformas para o exterior faz-se, exclusivamente, por escadas mecânicas ou
por elevador. As bilheteiras encontram-se num piso superior e transversal à
linha, evitando assim os atravessamentos no trajecto dos comboios. Segurança e
rapidez.
Mas que o que eu
esperava também aconteceu: o elevador e a escada desligados.
A única solução é
trepar pelos degraus metálicos, que outros não existem nem rampas, vencendo a
sua altura que, e é sabido, é muito maior que os de alvenaria.
Fiquei a olhar
para aquilo e a ver duas senhoras idosas que se deixaram ficar para últimas
para poderem fazer aquele caminho de calvário com a lentidão que o seu peso e
maleitas implicavam. De doer a alma.
Quando eu mesmo
terminei a escalada, esperava-me o pior:
Um jovem mãe, com
um enorme carrinho de bebé com uma minúscula criança a dormir no seu interior,
perguntava-se como haveria de descer. Aos saltos naqueles degraus infames não
seria e agarrado em braços também não.
Acabei por lhe
propor uma solução de compromisso: ela levaria o bebé ao colo e eu desceria com
o carrinho.
Desceu ela e
esperei eu ao cimo das escadas, que entretanto chegara outro comboio e quem
subia não dava espaço para eu descer com aquele volume.
O seu olhar
desconfiado lá em baixo bem mostrava o invulgar da nossa situação, mas não
encontrei alternativa. Compensou o agradecimento efusivo que exprimiu quando lá
cheguei.
Fica a pergunta: E
amanhã? E depois? E quem usar muletas ou cadeira de rodas? Ou quem já não tiver
forças ao fim do dia para aquele Evereste metálico?
A frieza dos números
nas secretárias dos gestores distantes é terrível! E bem que os gostaria de ver
confrontados diariamente com aquele suplício.
By me
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