Ao contrário do
que possa parecer à primeira vista, uma fotografia não é uma representação do
que foi fotografado!
Claro que, ao
olharmos para ela, vemos as pessoas, os locais, os objectos. Aquilo que o
fotógrafo viu com os olhos e com a objectiva. Vemos o pedaço de espaço-tempo
que ele imortalizou com a sua perspectiva.
Mas também vemos,
e isso é o principal numa fotografia, o seu estado de alma, a sua perspectiva
interior. O facto de ele ter escolhido aquele instante e não um pouco antes ou
depois, de ter optado por aquele ponto de vista e não um pouco mais ao lado, o
ter sido com aquele ângulo de visão e não mais aberto ou fechado, mostra-nos
como ele se sentiu naquele momento, ao olhar, ver e captar.
Indo ainda mais
longe, mostra-nos, caso ele – o fotógrafo – nos mostre a fotografia que
realizou, que ela é de facto um reflexo dos seus sentimentos e estados de alma.
Porque senão o fosse, e ainda que tivesse obturado a câmara, teria ficado
esquecida num qualquer arquivo ou caixa.
O corolário desta
afirmação (A fotografia é um retrato do fotógrafo e não do fotografado) é fácil
de encontrar.
Aqueles que, por
um qualquer motivo, transportam consigo em permanência uma câmara fotográfica,
acabam por fotografar inúmeras vezes o mesmo assunto. Com variações de luz, de
hora, de circunstância. E de elementos variáveis como pessoas, animais,
sombras…
O que faz, então,
o fotógrafo fotografar o que já fotografou? Registar o que já está registado? A
forma como viu o que já está visto! Como sentiu aquilo que conhece de perto. E
os sentimentos, tal como a luz, mudam ao sabor dos acontecimentos. Umas vezes
abordagens positivas, outras negativas, um pôr-do-sol pode ser um fim de dia ou
um inicio de noite. A mesma porta será uma entrada ou uma saída. O mesmo
sorriso um convite ou um sarcasmo.
A fotografia não
retrata o que está à frente da objectiva mas antes o que está atrás do visor!
A fotografia é uma
impressão digital da alma, em que a luz mais não é que a tinta!
By me
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