Está
meio mundo indignado com a notícia sobre o Facebook.
Ao
que parece, há uns anos andaram a manipular o que aparecia no “feed de
notícias” de alguns utilizadores, com o fito de perceberem até que ponto
notícias positivas ou negativas influenciavam os posts dos mesmos. Foram uns
milhares assim afectados, sem o saberem.
Estão
espantados ou incomodados com o quê?????
Estão
à espera que não existam jogos de manipulação nas redes sociais?
Santa
ingenuidade!
Isso
acontece há dezenas de anos, desde a invenção da comunicação social: impressa,
ouvida, vista. As notícias são escolhidas, filtradas, ajustadas e difundidas de
acordo com os interesses do meio ou suporte. Interesses económicos, interesses
políticos, interesses corporativos, interesses desportivos… interesses.
Mesmo
os próprios utilizadores manipulam as opiniões dos que acedem aos conteúdos,
publicando o que querem para obter os resultados que querem: aceitação social,
influências políticas ou laborais, interacção com terceiros…
As
redes sociais são a versão moderníssima das conversas de café ou do largo da
igreja. E essas conversas acontecem – sempre – com dois objectivos: porque
queremos que a nossa opinião seja ouvida e aceite, porque queremos saber a
opinião ou notícias de terceiros.
Por
isso se escolhe (ou escolhia) este ou aquele café, este ou aquele banco do
largo público: em função de quem o frequenta, onde a nossa opinião pode ser
ouvida ou onde o que por lá se diz nos interessa.
Fazem
isso os media, todos os dias, a cada instante. Fazemos nós isso nas redes
sociais, a cada publicação que fazemos ou acedemos.
Esperar
que a gestão das redes sociais seja inócua, isenta, sem interferir em nada nos
conteúdos é ingenuidade da mais pura.
Em
último caso, vejam-se os banidos, as páginas apagadas, as denúncias por parte
de utilizadores…
Acordem!
Manipulação
é a palavra-chave desde o invento do púlpito, desde o invento da rotativa,
desde o invento da emissão de um para todos.
Tudo
o mais são roupagens para um mesmo conceito.
Ou
acham que as cores escolhidas para uma capa, ou os sons e imagens escolhidos
para um genérico ou as manchas gráficas ou a sequência de conteúdos é inocente
e inconsequente?
Da
próxima vez que virem algo que vos atraia, positiva ou negativamente, num
computador, num jornal, num quiosque ou ouvirem numa rádio, pensem nos motivos
que levaram quem vos informa a fazer tal coisa. No escolher o conteúdo, no
escolher a forma, no escolher o momento. E porque vos conta aquilo em
particular e não tantas outras coisas e assuntos que poderia ter abordado. Boas
e más.
Espantem-se
com a vossa surpresa, não com o que a motivou!
By me
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