Se
pararmos para pensar um pouco naquilo que vamos observando em redor, talvez
cheguemos à conclusão que uma boa parte das fotografias que hoje são feitas, talvez
metade, resultam do uso de equipamentos que só complementarmente são câmaras
fotográficas: os telemóveis e os smartfones.
Isto
nada tem de errado. Mais que a ferramenta, importa sempre o resultado. E se
estes equipamentos satisfazem os seus utilizadores, então são a ferramenta
certa.
Ou
não!
O
desenho ou ergonomia destes aparelhos, tentando satisfazer a multiplicidade de
usos que lhes estão inerentes, condiciona a forma como são usados. No caso
concreto, na vertical e não na horizontal.
E
seria inconsequente o uso vertical ou horizontal destes dispositivos se
resultassem de uma opção do seu utilizador: escolher uma ou outra posição em
função do assunto ou estética pretendida. Não é o caso!
A
esmagadora maioria dos utilizadores fotografa na vertical porque os botões
assim o sugerem.
Mais
ainda: Uma boa parte das fotografias feitas com telemóvel são feitas na
vertical porque fotografam pessoas. E os corpos humanos são verticais. E
quer-se eliminar tudo o mais da imagem que não o fotografado. E, porque pouco
se sabe (na maioria dos casos) de perspectiva ou linhas de fuga ou ângulos de
visão, a fotografia é feita ao nível do olhar, resultando num corpo humano que
enche o enquadramento, cabeçudo e pouco mostrando do ambiente circundante.
E
nesta dicotomia entre o horizontal e o vertical, natural ou imposto pela
tecnologia, deveríamos considerar o como nos relacionamos com o mundo que
queremos representar: na horizontal.
Os
nossos olhos estão ao lado um do outro e não um acima do outro; quase nenhuma
atenção prestamos ao que está acima de nós, excepto se chove ou se há pássaros;
a nossa preocupação com o que está abaixo de nós é apenas para sabermos se há
buraco ou dejecto. Mas preocupamo-nos com o que está em frente e ao lado. As
mais das vezes ao nosso nível.
E
se dúvidas houvesse a este respeito, repare-se como os especialistas em
condicionar o comportamento humano – os publicitários – dispõem os artigos nos
expositores das lojas: aqueles que querem que tenham mais impacto junto dos
consumidores – nós, os incautos – estão ao nível dos nossos olhos e não lá em
cima ou lá em baixo, para onde raramente olhamos.
Ao
fotografarmos e queremos mostrar o mundo em que vivemos e as nossas emoções
nele, será útil fazermos aproximar a fotografia disso mesmo.
Não
há nenhuma imposição estética ou semiótica para a verticalidade ou
horizontalidade. Devemos usar uma ou outra na exacta medida em que uma ou outra
se adapte ao que sentimos ou queremos mostrar. Ou que melhor se adapte ao
suporte final, ecrã ou papel.
Agora
ficarmos mentalmente limitados a uma posição porque a ferramenta assim nos
sugere (ou impõe), é deixarmos que sejam os fabricantes de equipamentos a gerir
as nossas emoções e formas de expressão.
E
a fotografia é uma forma de sentir e exprimir emoções!
By me
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