Estou
em crer que já aqui falei dele.
Trata-se
de um livro que me foi emprestado quando quis começar mais a sério na
fotografia. Na altura, devorei-o como a um bolo e, garanto, soube-me a pouco,
que queria eu mais daquilo.
O
dono do livro nunca mo quis vender, oferecer, “emprestadar”-mo, deixar-me
roubá-lo, sempre quis – e bem – ficar com ele. O tempo passou, este meu mestre
morreu e perdi o rasto ao livro.
Há
algum tempo, de conversa com uma livreira (que de muito gostar de livros,
acabou por falir e fechar portas, para grande pena de todos os seus clientes e
amigos) falei-lhe nele e ela disse que o iria procurar. Trata-se de um livro
editado em 1973, nos EUA, e nunca reeditado. O seu nome? “Photographic Seeing”,
escrito por Andreas Feininger.
Uns
meses depois da conversa, recebo um E-Mail, informando-me que o livro existia
em segunda mão, que custava 30€, se eu estava ainda interessado e se podia
mandá-lo vir dos EUA. Claro que estava e só faltou mesmo sair de casa a correr
para ir beijar a livreira.
Em
o recebendo, li-o de fio a pavio, de novo, e fiquei com uma sensação esquisita:
Ou
bem que quando o li, há mais de 30 anos, me influenciou de tal forma que ainda
hoje penso como ele, ou bem que, com o correr dos tempos, fui afinando a minha
própria forma de ver e pensar a fotografia e gostaria de eu mesmo o ter
escrito. Isto, apesar das diferenças óbvias das técnicas e das modas de imagem.
Mas
coisas há que acabam por ser intemporais e este livro está recheado disso
mesmo.
Aqui
vos deixo o início de um dos capítulos. Atente-se na simplicidade da linguagem
mas, ao mesmo tempo, na eficácia do que aqui é descrito.
Quanto
à imagem, desculpem qualquer coisinha, mas é minha. Alguma coisa teria que
usar.
“Photogenic and Unphotogenic
Subject Qualities and Techniques
Nobody denies that
the means and methods of modern photography permit a photographer to depict any
subject in the form of a recognizable and even faithful rendition. However, as
any critical photographer knows from his own experience, a "faithful"
rendition is not necessarily the same as a good picture. Faithfulness in
photography is a quality which, of course, is indispensable in scientific,
documentary, educational, medical, judicial, catalog, etc., photography, but
insufficient as far as the creative photographer is concerned because it
neither includes nor guarantees such picture qualities as meaning, impact,
eye-appeal, stimulation, or graphically exciting rendition - the qualities
which make a photograph "good," perhaps even great.
In their striving for
"good" photographs, perceptive photographers have noticed that
certain kinds of subjects consistently make better pictures than others and
that this peculiarity has virtually nothing to do with the eye-appeal of the
subject. For example, a wide-open view from a famous vantage point-miles and
miles of mountains and valleys, blue sky and drifting summer clouds, hot
sunshine and cooling breeze may be a breathtaking and unforgettable experience,
but as sure as anything will make a miserable picture. Why? Because the subject
is too big to be squeezed successfully into the small confines of an
average-sized picture (it possibly would have been all right in photomural
size); because it contains too much detail which, in the unavoidable reduction,
becomes so small as to be virtually invisible; because it does not contain a
focal point or center of interest - a specific motif, a nucleus around which
the rest of the picture can be organized in the form of a satisfactory
composition; because its overall contrast is too low, resulting in a flat,
monotonous impression; because it contains an overabundance of weak colors and
not enough strong ones and therefore produces a wishy-washy effect; because it
is totally devoid of scale and consequently appears no larger than the
projection screen or the paper on which it is printed instead of evoking that
overwhelming feeling of immensity which prompted the photographer to make the
shot in the first place. That's
why.”
.
Sem comentários:
Enviar um comentário