terça-feira, 18 de outubro de 2016

Alarme



Foi há uns anos valentes, mas nunca o esqueci.
A escola onde trabalhava organizou uma visita de estudo a Santarém, no âmbito da disciplina de Português.
Tentei “fazer render o peixe” e combinei com a respectiva professora que, no regresso, poderíamos parar em Vila Franca de Xira, já que por lá havia uma interessante exposição de fotografia. E assim fizemos.
Havíamos combinado entre nós, professores, que nesse dia eu seria o “carro vassoura”. Por outras palavras, seria sempre eu o último a sair dos locais que visitássemos, garantindo que nenhum aluno ficava, esquecido ou não, para trás. O mesmo aconteceu na biblioteca de Vila Franca de Xira.
Quando eu cruzei a porta, para nos dirigirmos para o local onde a camioneta aguardava, ouviu-se o alarme na porta.
Recuei e ele calou-se, avancei e ele tocou.
Caramba! Era eu! Mas eu não tinha comigo nada surripiado, nem mesmo algo com alarme.
A funcionária da recepção saiu de trás do balcão e pediu-me o meu saco, convidando-me a cruzar a porta. E o alarme disparou de novo.
Entreguei-lhe o casaco e o colete, depois de despejar neles o que tinha nos bolsos das calças e pendurado no cinto e cruzo a porta. De novo o alarme.
Nos entretantos, toda a rapaziada e raparigada, bem como os demais professores, assistiam ao espectáculo da parte de fora, uns divertidos, outros espantados.
Já só faltava mesmo eu despir-me por inteiro para provar a minha inocência quando as gargalhadas na rua aumentaram de tom e uns dois ou três aproximaram-se e fizeram disparar o alarme afastados da porta com um qualquer dispositivo que tinham com eles.

Ainda hoje, quase vinte anos passados, de cada vez que penso em “Fotografia”, “Exposição” e “Vila Franca de Xira” me recordo do meu embaraço com o raio do alarme e as valentes risadas que tivemos depois de explicado o mistério.



By me

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