É interessante (ou
triste) pensar o quanto se esforçam nas escolas de artes e comunicação para
impor os números de ouro, as linhas de fuga, as perspectivas geométricas, as
proporções de acordo com os cânones, deixando gloriosamente de fora aquilo que
é realmente universal na representação pictórica: o equilíbrio.
É o equilíbrio
formal e o equilíbrio semiótico (ou as suas ausências) que dão sentido e
leitura ao representado, que fazem com quem haja quem interprete o pintado (ou
gravado, ou esculpido, ou filmado, ou fotografado).
Ao longo da
história, das culturas e das geografias encontramos diversas formas de
representar bidimensionalmente. O conceito de perspectiva, de linhas de fuga,
de numero divino é algo que resulta apenas das evoluções estéticas oriundas no
mediterrâneo.
A noção de espaço,
de profundidade, de volume não é uma obrigatoriedade no planeta e no tempo.
Nalgumas culturas
o tamanho depende da importância, não do lugar. Noutras nem sequer se altera
escalas. Noutras ainda, na mesma imagem (ou pintura ou escultura) existem
diversas linhas de fuga, dependendo dos pontos de observação dos representados
ou do ponto no tempo da história representada. Noutras ainda a profundidade é
expressa com perda de detalhe no pintado, a chamada perspectiva aérea.
Mas aquilo que
sempre foi considerado como vital, inalienável, obrigatório para que fosse
considerado agradável à vista e eficaz na comunicação é o equilíbrio.
Equilíbrio de
volumes, equilíbrio de cores e luzes, equilíbrio de importâncias… equilíbrio.
Equilíbrio – ou desequilíbrio
– é a chave para a composição. Tudo o mais são as linguetas para a abrir.
By me
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