A questão surgiu
no Facebook.
Alguém publicou
esta fotografia, sem mais comentários ou legendas.
E outro alguém
comentou “Brutal! De quem é isto?”
Confesso que
também fiquei parado a olhar para ela, que me enchia a alma. E, de algum modo,
a imagem era-me familiar.
Pus-me em campo
procurando a autoria e não foi difícil:
Bruce Davidson,
Walles, 1965.
Passei a informação
e como resposta li:
“Esse Bruce Davidson
é um boss do caraças.”
Não me contive e
acrescentei:
“É! Andamos tão
habituados com a mediocridade do FB, que quando vemos o trabalho de um mestre
ficamos de boca aberta.”
A coisa ficou por
aqui mas não tinha nascido aqui.
O sentimento é
antigo e frustrante.
Quando olhamos
para o publicado nas redes sociais, tenham o nome que tiverem, e vamos passando
as fotografias – uma e outra e outra e outra e outra… - a sensação que se tem é
que foram feitas pela mesma pessoa. Ou, pelo menos, que foram feitas por
diversas pessoas que frequentaram a mesma escola fotográfica, viram os mesmos
livros, visitaram as mesmas exposições, usam os mesmos processos de tratamento
e, quiçá, fotografaram nos mesmos locais.
Que as imagens
pecam pela falta de originalidade, pela uniformidade de abordagens técnicas e
estéticas, por uma coesão de olhar fotográfico de tal modo grande, que qualquer
coisa que seja um nico diferente salta logo à vista.
A questão não está
em se as imagens publicadas são boas ou más. Isso daria para muitas discussões,
talvez mesmo fúteis, sobre o que é qualidade fotográfica.
Refiro-me a que
toda a gente copia toda a gente!
Não no sentido de
plágio ou de roubo, mas antes no de falta de originalidade, falta de olhar
pessoal, falta de aplicar a alma do fotógrafo naquilo que está a fazer ou
mostrar.
É difícil
encontrar, na enormidade de imagens fotográficas que são publicadas, algo que
se evidencie. Pelo conteúdo, pela forma, pela mensagem, pela alma. Mais ainda: é
difícil encontrar, mesmo que em “locais restritos” como grupos ou páginas
pessoais, imagens que se possam dizer “esta aqui é de Fulano, aquela ali é de
Cicrana”.
Caramba!
Fotografem como vos apetece, o que vos apetece, quando vos apetece, onde vos
apetece e porque vos apetece.
Que o que importa é
a satisfação que encontramos naquilo que fazemos.
Mas abram o
horizonte fotográfico!
Procurem outros
autores, outras épocas, outros locais, outras técnicas, outras abordagens. Procurem
outras referências visuais nos livros, nas revistas, nas exposições, mesmo nas
páginas web.
Façam uma mistura de
cultura visual e encontrem o vosso próprio caminho!
Fotografar é fácil!
Basta carregar no botão e alguma coisa acontece.
Agora fazer uma
fotografia…
By me
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