Surgiu
naturalmente, vinda do fundo a memória.
Nas voltas da vida
tropeço em alguém que não via há uns tempos valentes. Alguém que leva a
fotografia a sério, tanto por gosto como por ganha-pão, de mistura com
intervenção social e voluntariado.
Depois das
saudações e do recordar outros tempos, perguntei-lhe que projecto teria entre
mãos, sabendo que tanto elas como a cabeça estão sempre a trabalhar.
Disse-me que a
vida dá muitas voltas, que os rendimentos da fotografia são o que sabemos e que
tinha surgido um outro projecto, em nada relacionado com a imagem, que lhe
estava a ocupar a mente e o tempo por inteiro. E que a fotografia estava parada
por uns tempos, à espera de melhores e mais livres dias.
Vindo daquele
espaço que medeia entre dois neurónios, atirei um "Estás em periodo de
defeso!", acompanhado de um sorriso irónico.
Mas, de seguida,
parámos os dois e chegámos à conclusão que estamos de acordo:
Os "Periodos
de defeso" na criatividade são tão ou mais importantes que o pôr em
prática o que nos vai na alma.
São tempos de nem
pensar, deixando que o espírito se arrume sózinho ao mesmo tempo que vai
absorvendo o que nos rodeia, sem filtros ou objectivos. Depois...
Depois vem um dia
em que acordamos de um sono reparador, olhamos o mundo e dizemos: "Estou
outra vez pronto!"
Este fim (ou
início) de ciclo produtivo não me é estranho. Acontece-me de quando em vez, sem
periocidade constatavel ou durações previstas. Por vezes surge na sequência de
um vazio interior, outras porque estímulos externos me ocupam a mente por
inteiro, outras ainda por nenhuma razão aparente.
Mas certo é que
após cada um desses periodos de defeso o que faço faço-o com mais alegria,
energia e satisfação no resultado. Por vezes mesmo seguindo outras linhas do
pensar/fazer.
Para aqueles que
acham que o que estão a fazer se tornou numa rotina, sem mudanças ou inovações
na criatividade, usando de soluções ou fórmulas mais que batidas e conhecidas
de cor, recomendo um periodo de defeso. Ou, e comparando com a natureza, um
hibernar para despertar numa primavera interior.
By me
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