Aconteceu há uns
anos valentes.
Aquando da segunda
guerra do Iraque, fiquei mais uma vez incomodado com a extrema parcialidade dos
meios de comunicação social portugueses.
Fazendo uma
comparação por alto, quase que só faltava terem os jornalistas na lapela uma
bandeirinha dos eua.
Eram as
reportagens, a selecção de notícias, a forma como eram tratadas, os
comentadores e especialistas… tudo e todos demonstravam um tal apoio à
coligação que atacava o Iraque que até enojava.
Não se via, ouvia
ou lia nada sobre o outro lado da frente. Nem as consequências civis dos
ataques, nem as consequências militares dos ataques.
Nem as opiniões,
mesmo que não da frente de combate, de gente ou países que discordassem da
intervenção.
Nada que não fosse
a favor dos atacantes e das sérias razões que possuíam: as tais armas de
destruição em massa que o inimigo teria. Não tinha!
Incomodado com
isto, procurei fontes de informação alternativas via net. Não no sub-mundo
virtual, que a ele não tenho acesso, mas apenas navegando por jornais e
agencias noticiosas de outros países, comparando opiniões e relatos.
Não era tarefa
fácil, já que havia que os procurar, identificar, filtrar, perceber a língua…
mas lá o fui fazendo.
E é surpreendente
aquilo que encontramos e aprendemos quando conhecemos o que pensa o outro lado.
Ou mesmo lados que nem sabemos que existem.
Entusiasmado com o
que ia aprendendo e descobrindo, e achando que o meu trabalho de pesquisa e
aprendizagem poderia ser útil a outros, decidi empreender um trabalho que se demonstrou
ser gigantesco: um site que servisse de guia a essas outras fontes de
informação, listando todos esses jornais, rádios, televisões e agências
noticiosas. O objectivo era o cobrir todos os países do mundo.
Foi um ano e meio
de trabalho insano, com muitas horas por dia de pesquisa e interpretação do que
encontrava, correndo um mundo de links e tentando ultrapassar as barreiras
linguísticas.
Infelizmente, uma
avaria grave no computador onde todo esse trabalho (ainda por metade) estava
arquivado apagou-o. Irremediavelmente. Chorei, na verdadeira acepção da
palavra, quando me apercebi disso. Milhares de horas deitadas fora por causa de
uma avaria! Ano e meio de olhos postos em ecrãs!
A culpa fora
parcialmente minha, já que, e ao contrário do que já então fazia com
fotografias e textos, não tinha esse trabalho em curso guardado em redundância,
com mais que uma cópia em suportes diferentes.
Hoje não me daria
a esse trabalho.
Não sou arauto do
esclarecimento dos demais e vou intervindo se e como posso e ao nível do
equilíbrio entre o que penso e o que quero viver.
Mas tenho três
certezas inabaláveis:
A -Se o fizesse,
teria vários back-ups informáticos autónomos.
B – Continua a ser
necessário, e cada vez mais, que cada um aborde as questões importantes sob
vários pontos de vista, tentando não se deixar levar pela manipulação dos media
e a histeria colectiva.
C - O lado obscuro
da comunicação social é tenebroso!
By me
1 comentário:
«a extrema parcialidade dos meios de comunicação social portugueses» - Temos de fazer justiça ao nosso Carlos Fino que foi a voz solitária mas esclarecedora da denúncia da iníqua guerra conduzida por um país que devia ser um exemplo de correção.
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