sábado, 14 de novembro de 2015

A primeira fotografia



Isto do ter que ser politicamente correcto é levado da breca. E, num momento como este, expor o que se pensa, deixando de parte isso mesmo, é uma dose de risco bem elevada.
Mas não consigo deixar de pensar naquilo que ao longo de mais de vinte anos me tem levado a dizer que, em podendo, evito o que vier de França: consumo e ideias.

Durante o último quartel do século passado as tentativas e negociações para redução e exclusão de armamento nuclear foram muitas e várias. O último país a assinar um tal acordo foi a França. Dizendo que só o faria depois de testar o seu próprio arsenal e investigações. O que fez, em atóis no Pacífico.
A comunidade internacional, a vários níveis, protestou. Pela atitude política e pelas consequências de tais testes, em que os vestígios e radiações ficariam “no quintal dos outros” e não no seu próprio território.
Inconsequentes os protestos, tanto perante o governo francês como junto da população francesa, que apoiou solidamente a existência dos testes.
Já este século, conseguiram que ficasse solidamente gravado na minha memória as imagens e os relatos do que o governo central e local fez com a comunidade Roma residente nalguns bairros de algumas cidades: expulsos sem mais e a granel. Mesmo os integrados, com trabalho ou estudando nas escolas como qualquer um.

Temos todos uma enorme dívida para com a França.
O mundo não seria o que é hoje se não tivesse acontecido a revolução francesa ou a comuna de Paris. Tal como não seria o mesmo, por exemplo, se Niépce não tivesse feito esta primeira fotografia.
Mas os grandes feitos não desculpam os grandes pecados.

Lamento os mortos e feridos. Qualquer atentado terrorista é infame.

Não lamento a França!

By me

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