quinta-feira, 5 de novembro de 2015

P&B



Relacionamo-nos com o mundo e a vida de acordo com as emoções que temos. Mais optimistas ou pessimistas, mais coloridas ou mais macambúzias.
E a fotografia “ao correr da pena” ou “ao correr do obturador”, fazendo parte da vida do fotógrafo, não é diferente.
Excepto quando condicionamos conscientemente essa forma de ver e registar.
Acontece-me, volta e meia, propor-me desafios. Fotografar coisas redondas, fotografar objectos insólitos, fotografar situações de luz… digamos que são propostas que me faço e pelas quais me deixo levar durante uns dias. Ou bem mais, como será o caso dos sapatos abandonados.
Um destes dias, e fruto de uma conversa, entendi que haveria de ver e fotografar em preto e branco.
Não em suporte monocromático, nem fazer a conversão posterior retirando-lhe a componente colorida.
Antes sim ter o espírito e o olhar alertas para as situações de ausência de cor. Pelo menos as cores como estamos habituados a ver: mais saturadas ou deslavadas, a conjugarem-se ou incomodarem pelo insólito da oposição.
E, não impedindo quaisquer outros registos que possa fazer, prestar mais atenção a este aspecto do mundo que normalmente nos passa ao lado. Tanto na natureza como no resultado da acção do Homem.
E posso garantir que é divertido, o exercício. Principalmente, descobri eu, agora, com as cores – ou falta delas – outonais, as luzes difusas e nada polarizadas, as quase (só quase) ausências de sombras…

A minha dúvida é, ao escolher a perspectiva, se devo ou não incluir um pequeno elemento que seja onde conste cor. Não pelo contraste (ou talvez) mas antes para mostrar aos demais e a mim, quando disto me esquecer, que não se tratou de um artifício fotográfico, tão na moda nos tempos que correm, mas tão só aquilo que vi e que está ali mesmo, ao alcance de qualquer um.

By me

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