Relacionamo-nos
com o mundo e a vida de acordo com as emoções que temos. Mais optimistas ou
pessimistas, mais coloridas ou mais macambúzias.
E a fotografia “ao
correr da pena” ou “ao correr do obturador”, fazendo parte da vida do fotógrafo,
não é diferente.
Excepto quando condicionamos
conscientemente essa forma de ver e registar.
Acontece-me, volta
e meia, propor-me desafios. Fotografar coisas redondas, fotografar objectos insólitos,
fotografar situações de luz… digamos que são propostas que me faço e pelas
quais me deixo levar durante uns dias. Ou bem mais, como será o caso dos
sapatos abandonados.
Um destes dias, e
fruto de uma conversa, entendi que haveria de ver e fotografar em preto e
branco.
Não em suporte
monocromático, nem fazer a conversão posterior retirando-lhe a componente
colorida.
Antes sim ter o
espírito e o olhar alertas para as situações de ausência de cor. Pelo menos as
cores como estamos habituados a ver: mais saturadas ou deslavadas, a
conjugarem-se ou incomodarem pelo insólito da oposição.
E, não impedindo
quaisquer outros registos que possa fazer, prestar mais atenção a este aspecto
do mundo que normalmente nos passa ao lado. Tanto na natureza como no resultado
da acção do Homem.
E posso garantir
que é divertido, o exercício. Principalmente, descobri eu, agora, com as cores –
ou falta delas – outonais, as luzes difusas e nada polarizadas, as quase (só
quase) ausências de sombras…
A minha dúvida é,
ao escolher a perspectiva, se devo ou não incluir um pequeno elemento que seja
onde conste cor. Não pelo contraste (ou talvez) mas antes para mostrar aos
demais e a mim, quando disto me esquecer, que não se tratou de um artifício
fotográfico, tão na moda nos tempos que correm, mas tão só aquilo que vi e que
está ali mesmo, ao alcance de qualquer um.
By me
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