sábado, 28 de novembro de 2015

Pôr-do-sol (mais um)



Aqueles que vão vendo as imagens que vou fazendo e, quiçá, lendo as palavras que vou escrevendo, sabem que tenho uma especial predilecção pela luz que vem do lado de lá. Do lado de lá da linha de ombros, do lado de lá da boca de cena, do lado de lá do assunto.
É este o tipo de luz de que gosto e que concebo, concretizo e uso inúmeras vezes. Nem sempre, porque nem sempre se aplica, mas uma muito grande parte das vezes.
Mesmo quando a luz não é controlável por mim, porque estou num local público ou porque provem do sol, procuro inconscientemente essa solução, pondo-me de frente para ela.
Mas sendo certo que procuro esta luz porque gosto de ver e mostrar os contornos acentuadamente, por gosto de sentir a opacidade e a translucidez do que fotografo, porque gosto de “ver através de”, indo para além da superfície reflectora dos assuntos, mesmo num pôr-do-sol é isso que procuro.
A situação convencional de o sol no horizonte, com ou sem nuvens, com ou sem silhuetas marítimas, campestres ou citadinas, não me satisfaz.
Um pôr-do-sol, para mim, para além do que acontece lá terá que ter algo cá. Um primeiro plano forte ou nem tanto, opaco ou translúcido se possível.
Não apenas reforça essa minha preferência como ajuda a colocar o espectador naquele ponto exacto onde estive, vendo exactamente como vi.

E é importante fotografar um pôr-do-sol? Nada importante!
Até porque, convenhamos, será o fenómeno natural mais fotografado desde que a fotografia é fotografia.
Mas eu não fotografo para que seja importante. Ou diferente.

Limito-me a fazer o registo visual daquilo que me aqueceu a alma. Deixo a originalidade e a competição para os que entendem que ter um lugar no pódio da vida é vital para a sua sobrevivência.

By me 

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