quarta-feira, 12 de março de 2014

Telemoveiro



Sou fumador, com tudo o que isso implica!
Assim, seria mentiroso se afirmasse que as leis sobre a restrição de fumo nos locais públicos e de trabalho não me afectam. Claro que afectam e vejo-me obrigado a fazer como os restantes irmãos de vício a vir para a rua dar as minhas fumaças ou a deixar a ponta do cigarro à porta em entrando num estabelecimento comercial, de restauração ou outros.
Em alguns, por uma questão de simpatia, de higiene ou apenas para relembrar os clientes da interdição do uso de tabaco, encontram-se no exterior cinzeiros como este ou equivalente. São úteis. Mas incompletos! Tão incompletos quanto as leis ou regras de boa convivência existentes!

É que se algo que me faz sentir incomodado, que me faz sair do sério, que me faz mesmo tocar as raias da agressividade verbal, é o uso indiscriminado e abusivo dos telemóveis ou “smartphones”.
Onde quer que se esteja, seja em que tarefa for e na presença de quem quer que seja, o toque de um desses aparelhos é motivo para tudo interromper para ouvir e emitir umas palavrinhas no aparelho. Não importa a urgência ou importância da mensagem ou o que ela vem interromper. Se o telefone toca, há que atender!
Acontece que é frequente, demasiado frequente, quem está a trabalhar numa loja, atendendo o público, receber chamadas e, no momento, menosprezar o cliente e dar toda a atenção a quem quer que esteja do outro lado da rede. E o cliente ou utente ali fica, especado, na secreta esperança de o telefonema ser breve e que não o demore em demasia. Prolongando inutilmente a sua estada desse lado do balcão.
A sensação que tenho, nesses momentos, é que por qualquer motivo desconhecido, de ordem cósmica, divina ou filosófica, me eclipsei, deixando de estar ali, visível e material, para passar para um qualquer limbo insignificante onde ficam os que são preteridos por um telemóvel. Provavelmente o mesmo limbo onde são colocados os que, ao aceder telefonicamente a um serviço público, ouvem do outro lado a voz simpática dizer-lhe: “só um momento”. E ficar-se a saber que, para aquele serviço, o conceito de “um momento” tem infindáveis minutos.

A mesma lei que restringiu o uso de tabaco em lugares frequentados pelo público deveria, em minha opinião, restringir igualmente o uso de telemóveis.

E veríamos à entrada de estabelecimentos comerciais, educacionais, hoteleiros, hospitalares ou desportivos, cinzeiros e telemoveiros. Para tranquilidade de todos os utentes e um bom relacionamento social.

By me

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