quinta-feira, 6 de março de 2014

O circo



Rola o circo agora mesmo!
Os manifestantes marcham, os policiais aguardam, as televisões vão mostrando, os cidadãos vão assistindo onde podem a festa da contestação.
Que de festa pouco teria, não fossem as expectativas que sangue aconteça. Esperam os cidadãos, esperam alguns manifestantes, esperam alguns contra-manifestantes, esperam os media.
E, no meio deste circo de rua, ou por entres outros que temos assistido, não vejo nem oiço falar dos outros dramas que sucedem, diariamente, por todo o país que não apenas em São Bento: as lojas que fecham.
Contam-se por dezenas as que, nos últimos meses, fecharam portas aqui na minha freguesia. De todos os ramos, chineses incluídos.
Não esqueçamos que por cada loja que fecha portas são no mínimo duas pessoas que perdem o posto de trabalho. Por vezes a família toda.
Mas estas tragédias não aparecem nos jornais, não abrem noticiários, não são contadas na net. De tão corriqueiras que são, passaram de notícia a estatística, como se cada ser humano ser trabalho e sem pão não passasse de um número.
O circo rola e, em acabando a função, regressarão a casa.
Com palmas por terem estado, com palmas por terem feito, com tiragens e com audiências por terem mostrado.
Aqueles que assim deixam as lojas, alguns, já nem casa têm para onde regressar.

Raisparta a competitividade. Deste e dos anteriores governos, que a incutem desde pequeninos nos cidadãos. Reduzindo-os a números e actores de rua para gáudio ou desespero dos que ainda não fecharam portas.


By me

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