Há uns dias Miguel Esteves Cardoso escreveu uma crónica sobre a destruição de livros levada a cabo pela editora Leya. Foi um acto de lesa-cultura, pura delapidação do património cultural nacional. E este acto horrendo foi cometido por motivos estritamente economicistas!
Ontem passei por aquilo que já foi um ícone da cultura e da palavra escrita em Lisboa: a Livraria Barata.
Localiza-se na Av. da Roma, uma zona que já foi chique, e, em tempos, tinha o melhor catálogo sobre fotografia do país. Técnicos, estéticos, monografias, ensaios. De tudo! Era uma romaria obrigatória para mim, passar por lá em dia de receber o ordenado.
Acontece que, gradualmente, fui deixando de lá ir. Porquê? Se o meu apetite por livros e leituras, sobre fotografia em particular, se manteve, o que me fez deixar de fazer daquela livraria um ponto de paragem obrigatório? É que, aos poucos, esse catálogo foi-se esvaziando. Em quantidade e em qualidade. A estante que lhe é dedicada tem, agora, os livros de capa virada para o público, em vez das lombadas, para que não se constate a quão paupérrima é a diversidade do ali exposto. E se falta a oferta reduz-se a procura.
E foi à entrada que me apercebi da real razão desta decrepitude livreira e do meu (suponho que de outros também) afastamento.
Escarrapachado na parede exterior, este cartaz. Que nos informa que a livraria mudou de nome e que, apesar de ainda ser “Barata”, a palavra “Leya” sobrepõe-se.
Livros de consumo rápido, como páginas web. Que pouco tempo pesam nas prateleiras, pois que em passando o prazo de validade (como se um livro o tivesse) certamente seguirão para um ignoto armazém e daí para a caldeira de pasta de papel.
Pensar eu que a livraria Barata começou por um espaço exíguo, num vão de escada, e que tinha lá ao fundo, longe dos olhares comuns e dos esbirros políticos, obras proibidas, por vezes orgulhosamente mostradas a quem de confiança.
No tempo em que ler era um prazer e um dever. Ainda que o continue a ser hoje, mas… Quantos o desfrutarão ou cumprirão? Não será certamente com o contributo da editora Leya.
Texto e imagem: by me
Ontem passei por aquilo que já foi um ícone da cultura e da palavra escrita em Lisboa: a Livraria Barata.
Localiza-se na Av. da Roma, uma zona que já foi chique, e, em tempos, tinha o melhor catálogo sobre fotografia do país. Técnicos, estéticos, monografias, ensaios. De tudo! Era uma romaria obrigatória para mim, passar por lá em dia de receber o ordenado.
Acontece que, gradualmente, fui deixando de lá ir. Porquê? Se o meu apetite por livros e leituras, sobre fotografia em particular, se manteve, o que me fez deixar de fazer daquela livraria um ponto de paragem obrigatório? É que, aos poucos, esse catálogo foi-se esvaziando. Em quantidade e em qualidade. A estante que lhe é dedicada tem, agora, os livros de capa virada para o público, em vez das lombadas, para que não se constate a quão paupérrima é a diversidade do ali exposto. E se falta a oferta reduz-se a procura.
E foi à entrada que me apercebi da real razão desta decrepitude livreira e do meu (suponho que de outros também) afastamento.
Escarrapachado na parede exterior, este cartaz. Que nos informa que a livraria mudou de nome e que, apesar de ainda ser “Barata”, a palavra “Leya” sobrepõe-se.
Livros de consumo rápido, como páginas web. Que pouco tempo pesam nas prateleiras, pois que em passando o prazo de validade (como se um livro o tivesse) certamente seguirão para um ignoto armazém e daí para a caldeira de pasta de papel.
Pensar eu que a livraria Barata começou por um espaço exíguo, num vão de escada, e que tinha lá ao fundo, longe dos olhares comuns e dos esbirros políticos, obras proibidas, por vezes orgulhosamente mostradas a quem de confiança.
No tempo em que ler era um prazer e um dever. Ainda que o continue a ser hoje, mas… Quantos o desfrutarão ou cumprirão? Não será certamente com o contributo da editora Leya.
Texto e imagem: by me
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