sexta-feira, 26 de março de 2010

O poste


O que tem esta imagem de especial?
Nada, responderão aqueles que estão habituados a ver disto e que, por casualidade, residem na cidade de Barcelona.
Trata-se de um banal poste de sustentação de semáforos, na beira de um cruzamento que, por sinal, até que nem é muito movimentado.
O que tem interesse, pelo menos para mim, pacóvio Alfacinha, é constatar que a edilidade da capital da Catalunha gasta uma boa maquia no desenho, encomenda e manutenção destes postes, que existem apenas em alguns locais da cidade. Quem os desenhou terá cobrado bem pela originalidade, quem os fundiu também se terá feito pagar bem, já que o número entregue terá sido não particularmente grande, tê-los de reserva para substituição em caso de dano também não será coisa barata.
Então, perguntar-se-á, porque raio se gasta dinheiro assim, por peças que todos vêem mas em que ninguém repara? Direi, talvez, pelo simples prazer de ter uma coisa bonita para ser vista, mesmo que só de passagem. Até porque, quando olhamos para um semáforo, a nossa atenção centra-se nas cores das suas luzes e pouco, se alguma coisa, no formato ou decoração do poste que as sustenta.
A menos que haja prazer em ter a cidade com coisas bonitas. Pelo simples prazer de as ter ali, mesmo sob o nosso olhar, e podermos delas desfrutar sempre que nos apetecer.
Um pouco, diria eu, à semelhança do que os antigos, os mesmo muito antigos, faziam ao decorar com preciosos detalhes, os capiteis que encimavam colunas de proporções quase que gigantescas. Quase que longe do alcance da vista. Se a coisa tem que existir, então que seja bonita e que nos dê prazer usufruir.
Que o minimalismo em que a forma quem que seguir a função sem que nada acrescente é o resultado de uma sociedade de consumo estereotipado, amorfo, asséptico e, acima de tudo, estéril!
Admirem-se, depois, de que eu querer viver em Barcelona!

Texto e imagem: by me

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