domingo, 20 de dezembro de 2009

Presépios contemporâneos


Bem no meio da Rua Augusta, em Lisboa, dou com um homem de pé e uma mulher sentada, envoltos em trapos supostamente ancestrais. Nos braços dela um boneco de plástico, igualmente envolto em trapos informes. No chão, por baixo e em redor, trapos do mesmo estilo. Ligeiramente à direita dele, e mais à frente, um dístico, muito bem impresso, onde se pode ler: “Presépio vivo”. Estrategicamente colocada ao meio, uma caixa para contribuições.
Na Rua Garrett, à direita de quem desce, mesmo antes de chegar à Livraria Bertrand, um pseudo-estábulo. Por cima lê-se: “Presépio da Cidade”. No seu interior e em escala natural, uma mulher pintada sobre madeira com um manto. Atrás dela, mais à esquerda, um cartaz num pau indica que dali havia sido roubado o burro em madeira. E nenhuma outra figura.
Do outro lado da rua, um pouco mais abaixo e onde terá existido um minúscula loja, o que se vê na imagem. Quem aqui é fotografado a fotografar dá pelo nome de Luísa Ferreira e tem este espaço aberto algumas horas de alguns dias, para fotografar quem queira. Pede-lhe apenas um contacto para que lhe possa enviar, gratuitamente, a fotografia.


A Imagem e os Projectos Artísticos por um lado, a Pedinchice e o Exibicionismo por outro, estão a transfigurar o presépio e o seu significado. E se nuns se pede dinheiro e se noutros os ladrões sarcásticos fazem das suas, aqui as pessoas fazem-se fotografar à frente de, dando mais importância a si mesmos que ao que as figuras atrás de si significam.
No túmulo, ou onde quer que estejam, aqueles três lá de trás devem estar a dar umas voltas valentes!


Texto e imagem: by me

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