quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pegada


No regresso do cafezinho matinal constato que o patamar de entrada do prédio estava a ser lavado.
Por muito que eu não quisesse, por muito que eu esfregasse os pés no capacho, garantidamente que iria deixar pegadas sujas naquilo que estava a ser limpo.
Com um sorriso amarelo, dei a saudação a quem limpava e comentei sobre a inevitabilidade do patinhar aquele espaço.
O sorriso que recebi de volta foi triste. Mais triste ainda porque enquadrado pela cara bonita que o suporta:
“Pois! Hoje não é mesmo um dos meus dias!”
Quase que estive para dar meia-volta, fumar mais um cigarro na rua, esperando que não chovesse, e aguardar que todo aquele lajedo secasse. Pelo menos, assim, ela não veria o destruir do trabalho que estava a fazer e pelo qual, quase que pela certa, nem sequer é bem paga. Não o fiz!
Que são realmente efémeras as limpezas que fazemos, tal como as pegadas que deixamos.


Texto e imagem: by me

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