segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Lola


De arquivo, de um domingo de Setembro de há mais de uma dúzia de anos

 

Nunca vos aconteceu? Acordarem de manhã com uma música no ouvido? Pois a mim acontece-me volta e meia.

Nunca percebi muito bem o motivo de tal e muito menos os critérios para que seja essa e não qualquer outra. Por vezes é uma mais popular e simples, outras uma mais pesada e “rocalhada”, por vezes ainda uma qualquer outra menos comum e insuspeita.

Pois nesta manhã de domingo, que tinha previsto ir passar no Jardim da Estrela, dei comigo a sair da cama com a Marselhesa no ouvido. O “Allons enfans de la patrie” não havia meio de querer parar de sair pela boca, ecoando na cabeça, materializado mais por assobio que cantado, que só sei a primeira linha. E nada o justificava, que não o tinha ouvido recentemente, não tinha visto nenhum filme desta língua, nem mesmo ouvido qualquer música com esta origem nos últimos tempos.

Não prestei muita atenção ao facto. Até porque o conceito que à época, o acompanhou – Liberdade, Igualdade, Fraternidade – fazem parte da minha maneira de estar na vida.

E eis que dou comigo, em pleno Jardim da Estrela, com concerto musical por fundo, a fotografar desesperadamente. Foi uma tarde altamente proveitosa, sob diversos pontos de vista, incluindo o número de imagens efectuadas. Felizmente levava reservas de energia e matéria-prima, ou teria ficado apeado.

Com o que eu não contava foi o ter que usar dos meus parcos conhecimentos da língua francesa com transeuntes, fotografados ou não. Em regra o inglês sobrepõe-se, sendo que é o actual “esperanto”. Mas esta foi uma tarde francesa.

E, dos diversos contactos que tive nesta língua, evidencio com particular ênfase esta mocinha que aqui vedes. Depois de uma troca de fotografias, fiquei sabendo que, para além de marselhesa de origem, é estudante de fotografia. E, mesmo estando de férias, não dispensa a sua câmara e o seu uso. Recomenda-se!

O que também se recomenda é reparar com atenção no que tem nas mãos: uma Bronica 6x45. Película formato 120, doze fotografias por rolo, nada de zooms ou artifícios electrónicos. É com esta ferramenta que aprende o ofício, suponho que também com qualquer outra digital que possua. Mas esta foi a que escolheu para trazer nas férias.

Digam lá o que disserem os pedantes da fotografia contemporânea, a fotografia faz-se pensando, mesmo a reportagem. E esta câmara é uma das que obriga a tal exercício. Pela forma como é manuseada, pelo custo de cada imagem, pela sobriedade das opções. Há que saber o que se faz antes de o fazer. Ou, por outras palavras, há que saber o porquê antes de se encontrar o como.

Fica daqui o meu aplauso à Lola, assim se chama ela, bem como à escola onde estuda que a incentivou a tal.

Au revoir!”

 

Nota adicional, acrescentada hoje mesmo – Esta é a tal luz de que tanto gosto e procuro. Vinda do lado de lá, sempre.


By me

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