Provavelmente, se vos apresentasse uma fatia deste bolo
assim cortada, franzirieis o nariz.
“Um bolo cortado com uma faca ferrugenta? Não, obrigado!”
Eu pensaria o mesmo. Indo mais longe, e olhando mais
atenção, estranharia também o formato da lâmina.
No entanto, devo dizer, tenho um orgulho imenso nesta faca,
da qual não retiro nem um grama de ferrugem. E que não uso para cortar bolos,
ou o que quer que seja.
Esta faca foi prenda de casamento de meus avós. O que, e
considerando a idade que tenho, podeis palpitar a idade da boda e da faca.
Posso ainda acrescentar que o cabo é feito de alpaca, a “prata
dos pobres”. A sua composição é cobre, zinco, níquel e prata, e o resultado
abrilhantava as mesas de cerimónia de quem mais não tinha.
Quanto à deformação da lâmina, que vos asseguro estar
particularmente fina de espessura onde vedes fina de largura, está assim porque
afiada vezes sem conta ao longo de muitas dezenas de anos.
Mais acrescento, porque vi e não porque mo tenham contado,
que esta era a faca com que se cortava o pão. Só o pão e a única faca e o pão era
de quilo da semana, cozido que era ao sábado que havia que durar até ao sábado
seguinte.
Já o bolo, esse, é fresquíssimo e cortá-lo-ei daqui a pouco
com outra faca, que esta irá para o local onde tem estado, à vista, em minha
casa.
Dados técnicos, para os que gostam destas coisas:
Pentax K7, ISO 400, jpeg. Pentax M 50mm f/1,2. 1/60, f/16.
Dois flashs a 180º, relação de contraste 1:2, o da esquerda
com um difusor de 25cm, o de trás cru. Sem medição prévia de luz porque sem
pilha no flashmeter.
Wireless para um flash, slave para o outro. Flashs e difusor
em tripé, faca suportada por um “magic arm”. Câmara à mão.
Processado para o crop pretendido e ligeira redução de
saturação de cor.
Adereços cá de casa, bolo feito pela minha mais-que-tudo.
By me
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