quarta-feira, 2 de março de 2016

Sobre um livro



Andar a meter o nariz nas livrarias, ainda que não seja desporto barato, leva-nos a descobrir peças raras. Foi o caso, um destes dias.
Trata-se de uma colectânea de fotografias de casais homossexuais, masculinos e femininos, registos feitos desde o início do século XX e recolhidas pelo autor em antiquários e feiras de velharias. Sem mais texto que a introdução.
Do ponto de vista técnico ou estético pouco acrescentam. São fotografias de estúdio banais ou fotografia de família ou amigos, feitas em locais privados ou recatados. 
No entanto são imagens que mostram o "sair do armário" da sociedade, o assumir opções de vida privada, ainda que a medo. E a coragem em o fazer. Que estas fotografias teriam que ser reveladas e impressas em laboratórios comerciais e teriam que ser levantadas na loja. Quiçá por algum dos fotografados. 
Para além das quetões estéticas, técnicas, éticas e semioticas, a fotografia é também documento. De uma época, de uma sociedade.
Nos tempos que correm o fazer ou exibir imagens destas começa a ser banal (ainda que em alguns países seja crime e punível com pena de morte). Quando foram fotografadas nada tinham de banal e implicavam coragem. Fotografar ou ser fotografado assim. 

Não direi que este livro seja imprescindível a quem se interessa sobre fotografia. O seu fazer acontece sem mais que o premir o botão da câmara.
Mas para quem queira ir mais longe será útil conhecer os limites que foram prática e de que forma foram sendo ultrapassados. 

By me

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