domingo, 6 de março de 2016

Tampas



Esta história não é nova.
Soube uma ocasião que uma conhecida de um fórum de fotografia tinha perdido a tampa de uma objectiva.
Caramba! Isso é motivo para deixar qualquer um triste, mesmo que não seja nossa a objectiva!
Sabendo que a pessoa em causa reside numa zona do país em que seria quase impossível comprar outra, quer pela inexistência de comércio especializado, quer pelas dificuldades de deslocação, ofereci-me para lhe encontrar e enviar uma igual.
Em troca, propus, enviar-me-ia algo típico da sua região. Um negócio sem intervenção directa do dinheiro, tal como gosto. E um ajudar quem está em dificuldades, tal como gosto de fazer.
A tampa foi enviada e entregue, que os correios assim mo indicaram. Eu é que nunca recebi nada de volta. Nem mesmo um mero “obrigado” via net.
Como este episódio tenho outros, em que me disponibilizei para ajudar fotograficamente quem estava em dificuldades e fiquei a ver navios.

Mas também tenho o oposto:
Também num fórum de fotografia, este transcontinental, falado em inglês e destinado a utilizadores de câmaras e acessórios Pentax, alguém propôs que uma objectiva banal – 28mm – andasse de mão em mão e que cada um dos interessados mostrasse o que era capaz de fazer com ela. Era tanto mais interessante este exercício quanto a esmagadora maioria de nós só se conhecia do fórum já que nalguns casos oceanos nos separavam. E a maioria de nós, quiçá a totalidade, tinha uma objectiva equivalente.
A dita objectiva esteve as duas ou três semanas previstas nas minhas mãos, fotografei com ela e fiz que seguisse caminho.
Depois de ter dado a volta inteira ao planeta, regressou a seu dono. Como seria de esperar entre gente de bem.

Dos episódios negativos recordo um tripé destruído numa história estúpida e nunca devolvido um equivalente, um flash queimado por incúria e nunca reparado, um jogo de chassis duplos 9x12 nunca reavidos, uma câmara compacta digital de que nunca soube a sorte…

Fazendo as contas, continuo a ter um saldo positivo. Que tudo o que de menos bom aconteceu (alguns mesmo beras) acabam por ser relevados pela satisfação das coisas e envolvimentos positivos. A partilha – a genuína e não a entendida como negócio – é algo de reconfortante e aquecedor de alma.
E, pese embora aquilo que os pessimistas possam ir dizendo e os episódios menos simpáticos que possam ir acontecendo, continuarei a praticá-la, na medida das minhas possibilidades.

Que uma maçã ou duas não estragam um pomar.

By me

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