Esta história não é
nova.
Soube uma ocasião
que uma conhecida de um fórum de fotografia tinha perdido a tampa de uma
objectiva.
Caramba! Isso é
motivo para deixar qualquer um triste, mesmo que não seja nossa a objectiva!
Sabendo que a
pessoa em causa reside numa zona do país em que seria quase impossível comprar
outra, quer pela inexistência de comércio especializado, quer pelas
dificuldades de deslocação, ofereci-me para lhe encontrar e enviar uma igual.
Em troca, propus,
enviar-me-ia algo típico da sua região. Um negócio sem intervenção directa do
dinheiro, tal como gosto. E um ajudar quem está em dificuldades, tal como gosto
de fazer.
A tampa foi enviada
e entregue, que os correios assim mo indicaram. Eu é que nunca recebi nada de
volta. Nem mesmo um mero “obrigado” via net.
Como este episódio
tenho outros, em que me disponibilizei para ajudar fotograficamente quem estava
em dificuldades e fiquei a ver navios.
Mas também tenho o
oposto:
Também num fórum de
fotografia, este transcontinental, falado em inglês e destinado a utilizadores
de câmaras e acessórios Pentax, alguém propôs que uma objectiva banal – 28mm –
andasse de mão em mão e que cada um dos interessados mostrasse o que era capaz
de fazer com ela. Era tanto mais interessante este exercício quanto a
esmagadora maioria de nós só se conhecia do fórum já que nalguns casos oceanos
nos separavam. E a maioria de nós, quiçá a totalidade, tinha uma objectiva
equivalente.
A dita objectiva
esteve as duas ou três semanas previstas nas minhas mãos, fotografei com ela e
fiz que seguisse caminho.
Depois de ter dado
a volta inteira ao planeta, regressou a seu dono. Como seria de esperar entre
gente de bem.
Dos episódios
negativos recordo um tripé destruído numa história estúpida e nunca devolvido
um equivalente, um flash queimado por incúria e nunca reparado, um jogo de chassis
duplos 9x12 nunca reavidos, uma câmara compacta digital de que nunca soube a
sorte…
Fazendo as contas,
continuo a ter um saldo positivo. Que tudo o que de menos bom aconteceu (alguns
mesmo beras) acabam por ser relevados pela satisfação das coisas e
envolvimentos positivos. A partilha – a genuína e não a entendida como negócio –
é algo de reconfortante e aquecedor de alma.
E, pese embora
aquilo que os pessimistas possam ir dizendo e os episódios menos simpáticos que
possam ir acontecendo, continuarei a praticá-la, na medida das minhas
possibilidades.
Que uma maçã ou
duas não estragam um pomar.
By me
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